São Paulo - Mesmo em lados opostos nestas eleições, Eduardo Campos evitava fazer críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem manteve relações cordiais até o fim de sua vida. Os dois começaram a se distanciar em 2012, quando Campos vislumbrou que, apesar das promessas, nunca teria um futuro político com o PT e Lula.
Decidiu, então, ser pragmático, não esperar 2018 e traçar um caminho independente, lançando sua candidatura à Presidência da República. “Se eu era ótimo para 2018, por que seria ruim para 2014, não é?”, costumava a repetir.
À época, admitiu que só desistiria da disputa caso Lula resolvesse concorrer ao Planalto. A posição de Campos levou Lula a promover no início de 2013 a candidatura à reeleição de Dilma Rousseff, antecipando em um ano a campanha presidencial.
Campos e Lula se conheceram em 1979, na casa de Miguel Arraes, avô do ex-governador de Pernambuco. Na época, Campos tinha 14 anos e começava a conviver com o avô, que voltara da Argélia, na África, onde ficou exilado.
Durante 11 anos, Eduardo Campos esteve alinhado com o governo petista. As relações entre Campos e Lula ficaram estreitas, no entanto, depois que o então deputado do PSB foi ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro mandato do petista, entre janeiro de 2004 e julho de 2005.
Quando veio à tona o escândalo do mensalão, o governo Lula ficou fragilizado e o então presidente pediu aos ministros que voltassem para o parlamento para ajudar a reconstruir a base aliada. Campos desempenhou um papel importante, com Aldo Rebelo, então ministro de Relações Institucionais, para tentar barrar a CPI dos Correios. Depois, ele aumentou ainda mais seu cacife junto a Lula, quando, mesmo sabendo ser o favorito, abriu mão de disputar a presidência da Câmara.
Confira a nota na íntegra:
"Como todos os brasileiros, estou profundamente entristecido com a trágica morte de Eduardo Campos. Um grande amigo e companheiro.
Conheci Eduardo através de seu avô, Miguel Arraes, um memorável líder das causas populares de Pernambuco e do Brasil.
O país perde um homem público de rara e extraordinária qualidade. Tive a alegria de contar com sua inteligência e dedicação nos anos em que foi nosso ministro de Ciência e Tecnologia. Ao longo de toda sua vida, Eduardo lutou para tornar o Brasil um país mais justo e digno.
O carinho, o respeito e a admiração mútua sempre estiveram presentes em nossa convivência.
Nesse momento de dor, eu e Marisa nos solidarizamos com sua mãe, Ana Arraes, sua esposa, Renata, seus filhos e toda a sua família, amigos e companheiros.
Também prestamos solidariedade às famílias dos integrantes da sua equipe e dos tripulantes que faleceram nesse terrível acidente.
Luiz Inácio Lula da Silva"
O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião na manhã desta quarta-feira em Santos, no litoral de São Paulo. Campos, de 49 anos, foi governador de Pernambuco e estava em terceiro lugar nas últimas pesquisas para a corrida presidencial. O avião com Campos, que cumpriria agenda de campanha em Santos, saiu do aeroporto Santos Dumont, no Rio de janeiro, em direção ao Guarujá. De acordo com a Aeronáutica, a aeronave arremeteu quando se preparava para o pouso devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com o jato Cessna 560XL.
Eduardo Campos deixa a esposa e cinco filhos.