Por leonardo.rocha

Minas Gerais - Mais de 600 mulheres vivem na comunidade de Noiva do Cordeiro, localizada em Belo Vale, a cerca de cem quilômetros de Belo Horizonte, Minas Gerais. A maioria delas, na faixa etária entre 20 e 35 anos de idade, estão a prucura de rapazes para iniciar uma vida a dois. Mas não pense que a missão será fácil, pois os homens interessados têm de estar dispostos a viver de acordo com as regras femininas do local.

Comunidade Noiva do Cordeiro%2C de Minas Gerais%2C possuiu mais de 600 mulheres que fazem apelo para os solteirosReprodução Facebook


Algumas das mulheres de Noiva de Cordeiro já são casadas e têm famílias, mas seus maridos e quaisquer filhos com mais de 18 anos são ordenados a trabalhar fora de casa, e apenas autorizados a voltar nos fins de semana. Isso significa que o poder feminino impera na comunidade rural, com mulheres no comando de todos os aspectos da vida, desde a agricultura, planejamento urbano e até mesmo na religião.

“Há muitas coisas que as mulheres fazem melhor que os homens. Nossa comunidade é mais bonita, mais organizada, e muito mais harmoniosa do que se os homens estivessem no comando,” disse Rosale Fernandes, de 49 anos.

“Aqui, os únicos homens que as moças solteiras atendem são casados ou relacionados a nós, como primos por exemplo. Eu não beijo um homem por um longo tempo. Nós todas sonhamos nos apaixonar e nos casar. Mas nós gostamos de viver aqui e não queremos ter que deixar a comunidade para encontrar um marido,” disse Nelma Fernandes, de 23 anos.

Mulheres da comunidade Noiva do Cordeiro fazem o trabalho em casa e no campoReprodução Facebook


História

Noiva do Cordeiro nasceu nas colinas, perto de Belo Vale, em Minas Gerais, depois que a fundadora, Maria Senhorinha de Lima, foi marcada como uma adúltera, após abandonar um homem com quem ela tinha sido forçada a se casar. Evitada por parte da população local, ela e outras mulheres posteriormente passaram a viver desprezadas, sendo tratadas como pessoas fáceis, levando-as a se isolarem do mundo exterior. Em 1940, um pastor evangélico, Anísio Pereira, tomou uma das mulheres, com 16 anos, para ser sua esposa e fundou uma igreja na comunidade.

No entanto, ele passou a impor regras rígidas puritanas, proibindo-as de beber álcool, ouvir música, cortar o cabelo ou usar qualquer tipo de anticoncepcional. Quando Anísio morreu, em 1995, as mulheres decidiram nunca mais deixar que um homem ditasse como deveriam viver. E uma das primeiras coisas que fizeram foi desmontar a religião tendenciosamente masculina que ele havia criado.

Você pode gostar