São Paulo - Pelo menos cinco pessoas foram detidas no início da noite desta segunda-feira durante uma manifestação em protesto contra a falta de água em Itu, em São Paulo. Houve confronto entre policiais militares e manifestantes, que atacaram o prédio da Câmara de Vereadores com pedras e ovos.
O protesto começou à tarde e reuniu cerca de mil pessoas, que, carregando cartazes e gritando frases contra governantes e políticos, seguiram pelas principais ruas do Centro até a Câmara, que estava em sessão. O objetivo era cobrar dos vereadores medidas para reduzir os transtornos enfrentados pelos moradores, que enfrentam racionamento de água desde fevereiro.
A Tropa de Choque da Polícia Militar e a Guarda Municipal foram acionadas, e o clima ficou mais tenso. Os policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para tentar dispersar as pessoas que se concentravam em frente ao prédio da Câmara de Vereadores. Os manifestantes reagiram atirando pedras. Mas não houve registro de feridos.
À noite, a prefeitura, em nota, alegou que vem tomando medidas para garantir a chegada da água a todas as casas e empresas. No documento, o governo lamentou os confrontos e os ataques ao prédio da Câmara, que classificou de vandalismo.
Os problemas no abastecimento na cidade vêm se agravando porque não são registradas chuvas fortes desde fevereiro, e os reservatórios estão secando. Na última quarta-feira, a Concessionária Águas de Itu anunciou que o nível do Reservatório São Miguel, que abastece a cidade, chegou a 2%. Por isso, a empresa decidiu manter o racionamento por tempo indeterminado.
Pelo sistema adotado, o abastecimento a cada bairro da cidade é feito a cada dois. Mas muitos moradores alegam que ficam até uma semana sem receber água.
Em julho, um grupo de cerca de 400 pessoas participou de uma procissão para pedir chuvas. Os fiéis percorreram as ruas da cidade e se reuniram na Igreja de Santa Cruz, onde houve missa. Mas não choveu em Itu.
Sabesp abre segundo volume morto do Cantareira
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou que vai abrir o segundo volume morto, a reserva técnica do Sistema Cantareira, para evitar que falte água na Região Metropolitana de São Paulo. A expectativa é que a medida permita elevar em 10,7% o nível do reservatório, que nesta segunda-feira estava em 8%, o menor da história.
Segundo técnicos da Sabesp, há 106 bilhões de litros de água na reserva técnica, abaixo das comportas, e a capacidade total de Cantareira é de 400 bilhões de litros. Mas, apesar da contínua queda do nível, a empresa descarta o racionamento de água.
Desde maio, o abastecimento na Grande São Paulo é mantido graças ao volume morto de Cantareira. Naquele mês, a reserva técnica elevou o nível de 8,2% para 26,7%.