Brasília - Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de irregularidades na Petrobras, a contadora Meire Bonfim Poza, que trabalhou para o doleiro Alberto Yousseff citou os nomes do deputado André Vargas (sem partido-PR) e o ex-ministro das Cidades, Mario Negromonte (PP), como políticos que teriam se beneficiado do esquema de lavagem de dinheiro do doleiro. Ela confirmou, nesta quarta-feira, que fez pagamentos a familiares de parlamentares.
"Fiz pagamento para o deputado André Vargas, que depois eu soube que era do jatinho [emprestado pelo Youssef para uma viagem ao Nordeste], para familiares do Luiz Argôlo e outros pagamentos que eu não sei quem são as pessoas", declarou.
A lista com os nomes de pessoas a quem Meire Poza transferiu dinheiro a pedido de Youssef foi apreendida pela Polícia Federal durante a operação Lava Jato. André Vargas, que se desfiliou do PT do Paraná, e Luiz Argôlo, que tentou a reeleição na última eleição, respondem a processos no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Notas frias
Em seu deporimento, a contadora Meire Poza afirmou também que a GFD, empresa controlada por Alberto Youssef, emitia notas para empresas sem que serviços fossem prestados. Ela negou que as empresas de Youssef para as quais prestava serviços tinham contratos diretos com instituições públicas, como a Petrobras.
"Elas tinham relação com empreiteiras e não com empresas públicas. Mendes Júnior, Sanko Sider, Engevix, Paranasa, principalmente essas", esclareceu.
Segundo ela os recursos que chegavam até GFD eram aplicados em outros investimentos feitos pela empresa como a operadora de turismo Marsans.
O salário de Meire seria R$ 15 mil mensais para atender todas as empresas de Youssef. Ela conheceu Youssef a partir de Enivaldo Quadrado, condenado no processo do Mensalão e que cumpre pena alternativa.
De testemunha a investigada
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu a quebra de sigilo bancário e fiscal da empresa de Meire e disse que ela não deveria ser ouvida na condição de testemunha, mas de investigada.
"Eu trabalhei com o senhor Alberto Youssef. Vi algumas operações que foram feitas no escritório, mas eu não tenho informações diretas das Petrobras", disse a contadora na abertura de seu depoimento nesta quarta-feira.
A profissional, que trabalhou para empresas de Alberto Youssef de junho de 2011 até março deste ano, quando foi deflagrada a operação Lava Jato pela Polícia Federal (PF), negou ter recebido mais de R$ 1 milhão a título de honorários das empresas do doleiro.