Por tamara.coimbra

Brasília - Um dia depois de o governo alertar o país sobre o risco de apagão ter atingido o teto de 5%, Operador Nacional do Sistema (ONS) descartou a possibilidade de racionamento de energia em 2015 em função da previsão de chuvas e o suporte das termelétricas. A tranquilidade da autoridade governamental se apoia, porém, na energia cara das fontes alternativas enquanto São Pedro não ajuda. Antes disso, a conta de luz fica mais cara hoje para os clientes da Light, distribuidora que atende a 4 milhões de lares em 31 Municípios do Rio. O aumento médio de 19,23% (17,75% para residenciais) foi aprovado na última terça-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Diante do tarifaço, o ideal é que o consumidor busque formas de economizar. (Veja dicas ao lado.)

Os índices aprovados pela Aneel funcionam como um teto, ou seja, o limite para o reajuste que a distribuidora pode aplicar. A empresa tem autonomia para repassar aos consumidores um percentual menor. De acordo com a Aneel, colaboraram para o aumento fatores como custo de compra e transporte de energia, além de pagamento de encargos setoriais.

Professor do Departamento de Energia Elétrica da PUC-Rio, Alexandre Street explica que as distribuidoras tiveram que comprar energia não contratada a preços muito altos, em função do curto prazo. “Por algum motivo as distribuidoras não conseguiram comprar toda a demanda que consumiram em contratos, por isso tiveram que pagar mais caro depois. Esse alto custo quase quebrou as empresas. E isso exigiu socorro do governo, que emprestou dinheiro”, afirma.

Além disso, houve os encargos setoriais, ou seja, custos que não têm relação com a estratégia da empresa. “Muitas das térmicas chamadas a produzir por emergência entram nesses encargos. Todo tipo de subsídio do governo, como o Programa Luz para Todos, também se encaixam nessa categoria. Isso tudo é repassado ao consumidor”, avalia Street.

Para o reajuste não pesar no bolso, a solução é economizar energia. O especialista alerta que os aparelhos com maior gasto são o chuveiro elétrico e o ar condicionado. “A primeira atitude para economizar deve ser substituir o chuveiro elétrico pelo modelo a gás. Ou então aproveitar o verão para tomar banho frio. Já o ar condicionado gasta menos no modo ventilação”, sugere.

“É preciso esperar o fim de abril”

Secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann explicou ontem que o fato de o risco calculado pelo governo de ocorrer apagão de energia ter chegado a 5%, limite máximo tolerável, não significa que o racionamento seja necessário.

Para o diretor geral do órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), Hermes Chipp, a indicação é de chuva na média ou acima da média já a partir de novembro.

“A indicação é de que não vai chover apenas na Região Sul. Ela sobe para o Sudeste, para a região de fronteira entre São Paulo e Minas Gerais (onde estão grandes represas)”, informou Chipp.
Zimmermann afirmou que a tolerância de 5% é para após a estação chuvosa. “É preciso esperar o fim de abril para se calcular o risco real”, disse.

Professor da PUC-Rio, Alexandre Street aponta que não existe definição técnica para se decretar o racionamento. “Esse limite é uma decisão política. Existe uma subjetividade muito grande. Há propostas técnicas e científicas para se calcular o momento em que o racionamento seria de fato necessário, mas o governo nunca olhou para isso”, explica.

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