Por bferreira

Brasília - Onze dias depois de ter sido reeleita, a presidenta Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo vai “ter de fazer o dever de casa” e apertar o controle da inflação. Ela sinalizou que o controle será feito por meio de cortes de despesas.

Em entrevista, a presidenta Dilma falou sobre medidas econômicas para enfrentar aumento de preçosReuters

Disse ainda que as contas serão verificadas com “lupa’. “Sempre haverá gastos para cortar. Vamos ter de apertar o controle da inflação. Vamos olhar todas as contas com lupa e ver o que pode ser reduzido e o que pode ser cortado. Temos que fazer um ajuste em várias coisas. Várias contas podem ser reduzidas. Minha visão de corte de gastos não é similar àquela maluca de choque de gestão”, afirmou a presidenta. E admitiu: “Nós temos problema interno com a inflação”.

Na conversa com jornalistas, Dilma prometeu combater a alta de preços, mas se recusou a falar sobre juros. Ela negou que o reconhecimento da necessidade de um ajuste para retomar o crescimento da economia configure estelionato eleitoral, como vem acusando a oposição.

A presidenta observou ainda que não há “receita prontinha” para recolocar o Produto Interno Bruto (PIB) nos trilhos. “Temos que fazer ajustes em várias coisas. Não é só cortar gastos”, disse a presidenta.

Na entrevista, ela defendeu também a manutenção do número de ministérios. “Essa história de cortar ministério é lorota.”

Dilma reafirmou que o nome do novo ministro da Fazenda não será anunciado antes da reunião de cúpula do G- 20, nos dias de 15 e 16 de novembro, na Austrália.

Perguntada sobre a operação Lava Jato, que investiga denúncia de corrupção na Petrobras, a presidenta argumentou que trata-se de uma oportunidade para “acabar com a impunidade”. “A operação trouxe o momento para acabar com a impunidade. Não vou engavetar nada, não vou pressionar para não investigar. Quero todos os responsáveis punidos”, garantiu ela.

‘Eu não represento o PT’, afirma a presidenta

A presidenta Dilma Rousseff negou ontem apoiar a resolução do PT, seu partido, que faz duras críticas ao candidato derrotado Aécio Neves (PSDB), prega um projeto de “hegemonia” petista na sociedade e a regulação da mídia. “Eu não represento o PT”, sentenciou a presidenta, em entrevista ontem a um grupo de oito jornalistas. “Eu represento a Presidência. A opinião do PT é a opinião do partido, não me influencia. Eu represento o país. Não sou presidente do PT. Sou presidente dos brasileiros”, afirmou.

Aprovada pela Executiva Nacional do PT na segunda-feira, a resolução petista diz que Aécio Neves estimulou “forças neoliberais” com nostalgia da ditadura militar, racismo e machismo. Para Dilma, é uma queixa partidária. “É deles, é típico”, disse a presidenta, ao ressaltar que a oposição também é acusada da mesma agressividade.

A presidenta foi questionada ainda sobre o desafeto Eduardo Cunha, líder do PMDB, que é favorito para ser presidente da Câmara no ano que vem. “Nós estamos convivendo há muito tempo com ele”, disse, encerrando o assunto.

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