Por bferreira

Brasília - ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou ontem a abertura de sindicância para investigar os delegados Polícia Federal que, durante a eleição, atacaram pela internet o PT, a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula e elogiaram o tucano Aécio Neves.

Segundo reportagem publicada ontem no jornal ‘O Estado de S. Paulo’, os investigadores federais envolvidos na Operação Lava Jato — que apura esquema de corrupção dentro da Petrobras — usaram as redes sociais para compartilhar propaganda eleitoral do presidenciável tucano sobre a delação premiada do doleiro Alberto Youssef. Os depoimentos da delação estão sob segredo de Justiça. Os policiais ajudaram ainda a divulgar notícias sobre o depoimento à Justiça de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás. Costa acusou o PT de receber 3% do valor de contratos superfaturados da estatal.

Numa das manifestações, feitas em perfis fechados do Facebook, Lula foi chamado de “anta”; noutra, é estampada uma caricatura da presidenta Dilma com dois grandes dentes incisivos para fora da boca e coberta por uma faixa vermelha na qual está escrito “Fora, PT!”.

Para o ministro da Justiça, apesar da liberdade de expressão ser garantida na Constituição, funcionário público tem agir com imparcialidade e sem “partidarização das investigações.”

Cardozo afirmou que pediu para o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, a abertura de uma sindicância para apurar o que ocorreu.Na investigação, a Corregedoria-Geral da Polícia Federal deverá apurar se houve crime ou deslize ético na conduta dos delegados.

Em defesa dos delegados, os procuradores da República do Paraná — integrantes do MP que integra a força tarefa da Lava Jato — afirmaram, por nota, que expressar opinião não afeta a lisura do trabalho dos delegados.

“A exploração pública desses comentários carece de qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas interesse público da repercussão penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio nacional, independentemente de qualquer coloração político partidário”, defenderam.


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