Por victor.duarte

Brasília - O chefe da divisão industrial da empreiteira Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, apresentou nesta segunda-feira à Justiça Federal do Paraná, no inquérito da Operação Lava Jato, notas fiscais que comprovariam pagamento de R$ 8,8 milhões em propina a uma empresa de consultoria do engenheiro Shinko Nakandakari. Segundo o executivo, Shinko recolhia o dinheiro como “emissário” da diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Renato Duque. O pagamento foi feito de 2010 a 2014.

Em depoimento à Polícia Federal há uma semana, Fonseca disse que estimava em R$ 5 milhões o total pago a Shinko para que a empreiteira obtivesse contratos na Petrobras. Com as notas apresentadas ontem, chega a R$ 12,8 milhões o total que a Galvão Engenharia afirma ter pagado ao esquema — outros R$ 4 milhões teriam sido destinados ao doleiro Alberto Youssef e ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.

Segundo informações de executivos da empreiteira, os recursos dados a Youssef tinham como destino o PP (Partido Progressista). Para provar que a Galvão Engenharia teria sido forçada a pagar propina, Fonseca se dispôs a fazer acareação com Paulo Roberto Costa e com o doleiro Youssef.

Os documentos protocolados ontem mostram que a propina foi paga à empresa LFSN Consultoria Engenharia Ltda., registrada em nome de Shinko Nakandakari e dois parentes, Luis Fernando Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari. De acordo com as notas, a remuneração se devia a “serviços prestados conforme contrato de prestação de serviços”.

O primeiro depósito da Galvão, de R$ 750 mil, foi feito em 8 de novembro de 2010. O último, de R$ 230 mil, em 25 de junho de 2014 — cerca de dois meses depois de a Operação Lava Jato ter sido deflagrada pela Polícia Federal. Sobre as operações incidiu cobrança de impostos. Do total de R$ 8,8 milhões acertado entre Galvão e Shinko, o valor líquido depositado em contas da família de Shinko Nakandakari foi de R$ 8,3 milhões.

Na petição entregue ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, os advogados da empreiteira alegam que os pagamentos para Shinko ocorreram a partir de “uma efetiva ameaça de retaliação das contratações que a Galvão Engenharia tinha com a Petrobras, caso não houvesse o pagamento dos valores estipulados de maneira arbitrária, ameaçadora e ilegal”.

A defesa de Fonseca tenta provar que ele não fazia parte da organização do cartel de empreiteiras, mas foi vítima de extorsão.

Último foragido da Lava Jato se entrega à Polícia Federal

Último foragido da sétima fase da Operação Lava Jato, Adarico Negromonte Filho se entregou ontem pela manhã à Polícia Federal, em Curitiba. Ele chegou à Superintendência da PF de táxi e estava acompanhado por duas advogadas.

Adarico é irmão do ex-ministro das Cidades e deputado federal Mário Negromonte (PP-BA). Segundo as investigações, ele era subordinado ao doleiro Alberto Youssef, além de ser o responsável pelo transporte de valores em espécie.

Adarico Negromonte, um dos 25 investigados nesta fase da Lava Jato, teve a prisão temporária decretada pela Justiça Federal do Paraná no dia 14. Mas ele estava foragido desde então. A defesa do acusado já pediu a revogação da prisão. As advogadas argumentam que ele colaborou com a Polícia, se apresentou espontaneamente, tem idade “avançada” — 68 anos — e estado de saúde “delicado”.

Sobre as acusações que pesam contra Negromonte, a advogada Joyce Roysen disse que ele “já prestou os esclarecimentos à Justiça”, sem detalhar o que foi dito. Ela informou ainda que seu cliente está aposentado.

Dos 25 alvos da operação que tiveram a prisão decretada, 11 foram liberados pela Justiça após prestar depoimentos.

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