Por bferreira
Brasília - O Congresso viveu dias de ebulição para votar o afrouxamento da meta fiscal proposto pelo governo. Ontem, um grupo de manifestantes capitaneado pelo cantor Lobão se reuniu em Brasília para hostilizar políticos e protestar contra o PT . Mas a pancadaria generalizada da véspera continuou reverberando: a equipe da senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM) conseguiu identificar manifestantes que a teriam xingado de “vagabunda” durante sessão de terça-feira, e pretende levar o caso à presidência do Senado.
Há dois dias, a sessão do Congresso foi suspensa pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), depois de o plenário ter se tornado um ringue, onde deputados e manifestantes se digladiaram. Tudo começou quando a deputada federal do Rio Jandira Feghali (PCdoB) disse que Grazziotin foi chamada de “vagabunda” enquanto discursava. Ontem, a senadora classificou o episódio como “lamentável”. “Usaram palavras de baixo calão que me atingem não só como mulher, mas como parlamentar e ferem o próprio processo democrático”.
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Um dos identificados pela equipe da senadora é Marcello Reis. Ele é fundador da página “Revoltados on line”, que conta com 285 mil apoiadores no Facebook. O tom das postagens é agressivo: petistas são chamados de “petralhas” e “porcos comunistas” e pede-se contribuições para os internautas na “guerra do bem contra o mal”. Em quase todos os textos publicados, Reis anexa o número de sua conta para doações e um link para uma página que vende camisas e adesivos com mensagens contra a presidenta Dilma Rousseff (PT).
Procurado, Reis não retornou às ligações do DIA. Durante todo o dia, ele esteve no Congresso ao lado de Lobão, e postou diversas imagens e vídeos na rede social. “Estou aqui com o Lobão e esses caras não vão ficar assim. Uma sessão dessa não pode ficar sem o povo. Eles são ditadores. Vamos vencer essa guerra”, disse Reis, em um vídeo postado às 19h.
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Para evitar confusões, o Congresso reforçou a segurança ontem, mas não conseguiu evitar tumultos. O acesso foi restringido, gerando reclamações de muitos manifestantes. Um grupo cercou o carro do vice-presidente da Câmara, Arnaldo Chinaglia (PT-SP), que bateu boca com os oposicionistas. Os manifestantes também cercaram o carro do senador José Sarney (PMDB-AP) e o impediram de entrar no Congresso.
Congresso analisa vetos e Aécio reage
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Depois da guerra, o Congresso conseguiu votar os dois vetos presidenciais que trancavam a pauta, e liberou caminho para discutir a proposta que libera a mudança da meta fiscal de 2014. A proposta exime o governo de cumprir o chamado superávit primário e impede que Dilma feche as contas deste ano no vermelho.
A reação da oposição foi inflamada. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou duramente o governo e disse que a presidenta está colocando o Congresso “de joelhos e de cócoras”. Dilma condicionou a liberação de verba para pagamento das emendas parlamentares à aprovação da proposta. “Cada parlamentar tem um preço. Cada um vale R$ 748 mil! Isso é uma violência jamais vista nesta Casa! O Congresso está hoje ferindo de morte um dos principais pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal!”, discursou, aos gritos, sendo abafado por aplausos e críticas dos governistas.
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Até o fechamento desta edição, os congressistas ainda estavam discutindo a proposta de manobra fiscal em plenário.
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