Por paulo.lima
Brasília - O procurador público Deltan Dallagnol divulgou durante uma entrevista coletiva, na tarde desta quinta feira, 36 nomes de pessoas envolvidas em esquemas de corrupção, todas indiciadas pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Os envolvidos são ligados às empreiteiras Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC.
Estas empresas envolvidas nas fraudes de licitação funcionavam com um esquema de cartel, que servia para aumentar o lucro obtido. De acordo com o procurador público, havia a participação de agentes públicos e pagamento de propina para que as empresas participassem e ganhassem do "bingo", como indicou a Polícia Federal.
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No total, a denúncia do MPF denunciou 154 casos de corrupção e 105 de lavagem de dinheiro das seis empreiteiras envolvidas. O dinheiro envolvido nos casos de corrupção soma mais de R$ 286 milhões, que apenas uma pequena parte dele era sacado em espécie. “Os saques em espécie correspondiam a apenas 10% ou 20% dos valores creditados. Boa parte era transferida para contas em nome de empresas operadas por outro doleiro, Leonardo Meirelles”, informou Dallagnol. Segundo o procurador, Leonardo prestava serviços ao doleiro Alberto Youssef.
Os casos de lavagem de dinheiro somaram pouco mais de R$ 74 milhões. Segundo o procurador, os crimes foram constatados entre os anos de 2004 e 2012, mas alguns pagamentos se prolongaram até o ano de 2014. As infrações cometidas pelas empresas somam aproximadamente R$ 1 bilhão, que o MPF quer que todos os envolvidos devolvam a quantia para os cofres públicos. As denuncias desta quinta feira foram somente destinadas à pessoas ligadas às empreiteiras, mas as ações contra as empresas serão avaliadas e serão movidas no momento "oportuno", segundo Dallagnol.
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A devolução da quantia corresponde a 3% dos valores de contratos assinados pelos esquema de fraude na licitação. De acordo com o MPF, esta porcentagem era também destinado á propina paga pelas empreiteiras envolvidas nos esquemas de corrupção a seus beneficiários. "O MP está lutando contra a impunidade e a corrupção", informou Dallagnol sobre as denúncias contra grandes empresas do país.
"A complexidade dos fatos nos leva a intuir a dimensão desta investigação. Seguiremos, como sempre fizemos, de forma serena, equilibrada, mas firme e contundente. Cada pessoa, de forma legal, responde, em responsabilidade, pelo ato que praticou", disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre o andamento das investigações.
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O procudador-geral também confirmou que esta operação esta longe de terminar. "É o começo de tudo. Estamos longe do final, mas, diante do que se esboça aqui, vocês podem entender um recado: essas pessoas, na verdade, roubaram o orgulho dos brasileiros", afirmou Rodrigo Janot.
Empreiteiras doaram a políticos e a partidos
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Investigadas no esquema de corrupção da Petrobras, as construtoras Queiroz Galvão e Engevix fizeram doações a políticos e a partidos que participaram das eleições deste ano. Os valores estão em documentos apreendidos pela Polícia Federal nas sedes das duas empreiteiras. Não há confirmação de que os pagamentos foram efetivamente feitos e, em caso afirmativo, se foram feitos legalmente ou não.
Manuscrito apreendido na sede da Queiroz Galvão, em São Paulo, lista diferentes candidatos com valores anotados ao lado. São os casos de “Lindinho”, em possível alusão ao senador petista Lindberg Farias, que disputou o governo do Rio; “Pé Grande”, que pode ter relação com o governador reeleito pelo PMDB, Luiz Fernando Pezão; e Padilha”, numa suposta referência ao candidato do PT ao governo de São Paulo Alexandre Padilha.
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Há ainda registro de “Picciani”, possível referência a Jorge Picciani, presidente do PMDB do Rio eleito deputado estadual ou a seu filho, Leonardo Picciani, eleito deputado federal. Os valores não têm relação com as doações registradas no TSE.
Derrotado no primeiro turno, Lindberg recebeu R$ 1,42 milhão da empreiteira por meio de repasse da direção nacional do PT. Pezão foi financiado com R$ 255 mil através do comitê financeiro único do PMDB.
Jorge Picciani não aparece nos registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como beneficiário de doação da Queiroz Galvão. Já Leonardo Picciani recebeu R$ 199 mil da construtora através da direção estadual do partido.
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Pelos dados do TSE, o PMDB foi financiado com R$ 15,8 milhões da Queiroz Galvão na disputa eleitoral de 2014.
OS DENUNCIADOS
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Alberto Youssef, doleiro
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás
Waldomiro de Oliveira, operador de Youssef
Carlos Aberto Pereira da Costa, advogado de empresa de fachada de Youssef
João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, operador de Youssef
Enivaldo Quadrado, operador de Youssef
Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior
Rogério Cunha de Oliveira
Ângelo Alves Mendes, executivo da Mendes Júnior
Alberto Elísio Vilaça Gomes
José Humberto Cruvinel Resende
Antonio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini
Mário Lúcio de Oliveira
Ricardo Ribeiro Pessôa, presidente da UTC Engenharia
João de Teive e Argollo
Sandra Raphael Guimarães, funcionária da UTC
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
Eduardo Hermelino Leite, “Leitoso”, vice -presidente da Camargo Corrêa
Marcio Andrade Bonilho, presidente do Grupo Sanko
Jayme Alves de Oliveira Filho
Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-Ministro das Cidades
José Aldemário Pinheiro Filho, vulgo “Léo Pinheiro”, presidente da OAS
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor da OAS
Mateus Coutinho de Sá Oliveira, diretor da OAS
José Ricardo Nogueira Breghirolli, executivo da OAS
Fernando Augusto Stremel Andrade
João Alberto Lazzari
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia
Carlos Eduardo Strauch Albero, diretor técnico da Engevix Engenharia
Newton Prado Junior, diretor técnico da Engevix Engenharia
Luiz Roberto Pereira
Erton Medeiros Fonseca, diretor presidente da Divisão de Engenharia Industrial da Galvão Engenharia
Jean Alberto Luscher Castro, diretor presidente da Galvão Engenharia
Dario de Queiroz Galvão Filho, presidente da Galvão Engenharia
Eduardo de Queiroz Galvão, diretor presidente da Galvão Engenharia
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