Por felipe.martins, felipe.martins
Brasília - Retomando o discurso feito durante a corrida eleitoral, Dilma Rousseff enfatizou, nesta quinta-feira, a necessidade de promover a reforma política e de implementar medidas de combate à corrupção. No primeiro discurso de sua posse, no Congresso Nacional, a presidenta prometeu enviar ao parlamento ainda neste semestre um pacote com uma série de mecanismos para aprimorar o combate a desvios de conduta.
“A corrupção rouba o poder legítimo do povo. A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem. A corrupção deve ser extirpada”, disse.
As medidas elencadas foram propostas durante a campanha. Entre elas estão criminalizar o enriquecimento de agentes públicos que não tenham justificativa ou origem comprovada, criminalizar a prática de caixa 2 na legislação eleitora e agilizar os processos de pessoas que tenham foro privilegiado na Justiça.
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A presidenta também mencionou a situação da Petrobras, que está envolvida em denúncias de pagamentos de propina a seus diretores e funcionários: “Temos que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobras, nem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro. Não podemos permitir que a Petrobras seja alvo de um cerco especulativo de interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da política de conteúdo nacional.”

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No discurso, ela não mencionou o nome da presidenta da empresa, Maria das Graças Foster. Dilma sempre intercedeu em favor da executiva, que tem sofrido pressões para deixar o cargo diante da crise na companhia.
Antes de tomar posse, Dilma afirmou que consultaria o Ministério Público Federal para formular a nova composição ministerial. O objetivo foi evitar a indicação de políticos envolvidos na Operação Lava-Jato, que investiga a petrolífera.
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MINISTROS
Após discursar, Dilma empossou os novos ministros no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Dos 39 líderes das pastas governamentais, 15 permaneceram no cargo, quatro trocaram de ministério e vinte são novatos.
Petistas históricos, como Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) e Ricardo Berzoini (Comunicações) foram bastante aplaudidos. Já alguns ministros que ocuparam cotas de partidos aliados, como Gilberto Kassab (Cidades), George Hilton (Esportes) e Kátia Abreu (Agricultura e Pecuária) receberam vaias discretas quando tiveram seus nomes anunciados no microfone.
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Os três nomes foram os mais controversos da reforma ministerial, que abrigou dez partidos. Hilton, cuja pasta ganha força por causa da Olimpíada, teve a nomeação criticada por entidades ligadas a atletas. Kátia Abreu desagrada os opositores da bancada ruralista. Já Kassab assumiu uma das pastas mais cobiçadas da Esplanada.
Onze ministros fazem parte da cota pessoal de Dilma, entre eles a equipe econômica, com um perfil técnico e considerado ortodoxo por economistas.
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Com 13 pastas, PT terá menos espaço nos novos ministérios
Dilma assume o novo mandato rodeada de um ministério menos petista. Para acomodar os partidos de sustentação do governo, a presidenta retirou três pastas do comando do próprio partido. O PT agora controla 13 cargos, incluindo a Saúde, em que Arthur Chioro foi mantido, e a Defesa, para onde foi alocado o ex-governador da Bahia Jaques Wagner.
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Posto cativo do partido nas gestões petistas, o Ministério da Educação foi para as mãos do PROS, na figura do ex-governador do Ceará, Cid Gomes. A pasta, que recebe um dos maiores montantes do governo, ganha mais força diante do lema anunciado por Dilma para o novo governo: Brasil, pátria educadora.
“Estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e um sentimento republicano”, afirmou Dilma. Para contrabalançar a indicação, ela nomeou o petista Patrus Ananias para o Desenvolvimento Agrário.
O PMDB ficou com seis ministérios e vai controlar parte do setor de infraestrutura, com as secretarias de Portos e Aviação Civil e o Ministério das Minas e Energia. O partido também ficou com a Agricultura, para onde foi nomeada a senadora Kátia Abreu. A escolha de uma representante da bancada ruralista do Congresso desagradou integrantes do PT e os movimentos sociais. Ao chegar para a posse, ela minimizou as críticas. “Vivemos numa democracia, nem Jesus Cristo agradou todo mundo. E eu também não pretendo. A unanimidade é burra”, afirmou.