Por felipe.martins, felipe.martins
Curitiba - Preso nesta quarta-feira no aeroporto internacional do Galeão, ao desembarcar de Londres, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró é alvo de novo inquérito policial por crime de ocultação patrimonial. A decisão é do juiz federal do Paraná Marcos Josegrei da Silva, após verificar que Cerveró transferiu quatro apartamentos de seu nome para o de parentes, em valores bem abaixo dos praticados no mercado. Os imóveis, avaliados em R$ 7 milhões, foram vendidos por R$ 560 mil. Para o juiz, Cerveró mostrou continuar com sua “sanha” criminosa ao tentar blindar seu patrimônio com a transferência de imóveis para parentes e resgate de aplicações financeiras.

Cerveró chegou ao Rio pouco depois da meia-noite de quarta-feira e, durante a madrugada, foi transferido para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). Segundo a PF, o ex-diretor foi preso preventivamente por causa de movimentações financeiras suspeitas, após ser denunciado pelo Ministério Público Federal e responder a uma ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro.

Cerveró desembarcou no Rio e foi transferido para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba Reuters

Em dezembro, Cerveró tentou transferir para sua filha Raquel Cunat Cerveró, R$ 463.763,00 de um plano de previdência privada, mesmo alertado por sua gerente que perderia na operação 20% — cerca de R$ 100 mil. Ele é suspeito também de ocultação da compra de apartamento avaliado em R$ 7,5 milhões, onde morou nos últimos cinco anos. Em Ipanema, o imóvel estava registrado em nome de uma offshore no Uruguai. Investigações da PF descobriram que Cerveró abriu a empresa com o uso de laranjas para ocultar transações ilícitas. Na avaliação dos policiais, a ocultação do verdadeiro dono do apartamento era lavagem de dinheiro.

Nestor Cerveró estava na Inglaterra desde dezembro, mês em que a denúncia do Ministério Público Federal foi aceita pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. Ele já é réu em ação na Justiça Federal do Paraná por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele foi denunciado por receber parte de propina de US$ 40 milhões (R$ 104 milhões) para a compra de dois navios-sonda, quando era diretor da estatal.
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Advogado cita Graça Foster
O advogado de defesa Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, contestou a decretação da prisão preventiva alegando que ela não tem fundamento legal. Segundo Ribeiro, não havia, na época, restrição judicial ou administrativa para que os bens fossem transferidos. “A movimentação financeira e a movimentação imobiliária são atos normais da vida civil. Não há nenhuma ilegalidade. O Nestor estava indo para a Inglaterra passar Natal e Réveillon com a família. Ia disponibilizar esse dinheiro que estava aplicado para alguma eventualidade. Não chegou nem a fazer isso”.
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Ele comparou a decisão à da presidenta da Petrobras, Graça Foster, que transferiu imóveis em 2014. “A Graça Foster também movimentou seus imóveis. Em um período em que não havia qualquer restrição, seja administrativa ou judicial. Inclusive, até hoje não há essa restrição”.
ESQUEMA CONTINUA
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Na representação que pediu a prisão do ex-diretor Nestor Cerveró, o Ministério Público Federal no Paraná afirmou que “não há indicativos de que o esquema criminoso foi estancado” na Petrobras.
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