Por tiago.frederico

Brasília - A direção do PT, reunida em Belo Horizonte, entendeu a nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta-feira, como uma ação espetacular destinada a tirar o brilho da festa em comemoração aos 35 anos do partido, da qual devem participar a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do partido, Rui Falcão e outras estrelas, como o governador Fernando Pimentel.

Os petistas avaliaram que não havia necessidade de mandado coercitivo contra o tesoureiro João Vaccari neto, uma vez que ele sempre se dispôs a colaborar com as investigações da Lava Jato e nunca se recusou a atender intimações. Vaccari foi levado esta manhã para a sede da Polícia Federal em São Paulo para prestar depoimento nas investigações que apuram doações "legais ou ilegais" que ele teria solicitado para pessoas que mantinham contratos com a Petrobras.

Nona fase da Lava Jato

A nona fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira (5) pela Polícia Federal, busca provas contra 11 operadores do esquema de corrupção na Petrobras. De acordo com a Policia Federal, há suspeitas de que 11 operadores atuaram na Diretoria de Serviços da Petrobras durante a gestão do ex-diretor Renato Duque.

As provas foram obtidas por meio de acordos de colaboração com outros investigados. No entanto, ainda não há documentação para basear uma denúncia formal contra os acusados.

Entre os investigados levados para prestar depoimento está o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Segundo a PF, ele deverá esclarecer denúncias de delatores de que atuava na cobrança de propina e de doações legais para o partido.

Segundo o Ministério Público Federal, órgão que coordena a força-tarefa da Lava Jato, os novos operadores descobertos não tinham poderes como o doleiro Alberto Youssef, mas também atuavam com agentes públicos na Petrobras. "Os esquemas na Petrobras que estamos investigando não se limitam aos operadores que estão presos, como Youssef e Fernando Baiano", disse o procurador da República Carlos Fernando Lima.

São alvo da nona fase da investigação os contratos com a BR Distribuidora. Em Santa Catarina, a PF apreendeu grande quantidade de dinheiro e prendeu dois empresários acusados de fraudar contratos com a estatal por meio de notas fiscais falsas.

Segundo o delegado Igor Romário de Paula, 26 empresas são investigadas na nova fase da operação. De acordo com ele, há indícios de que, até o fim do ano passado, após a deflagração da última fase da Lava jato, as empresas continuaram atuando na fraude de notas fiscais e lavagem de dinheiro. "Eles [operadores] atuavam na intermediação entre o pagamento de recursos desviados e a propina das empreiteiras, [recursos] destinados a agentes públicos", disse.

Nesta manhã, cerca de 200 agentes federais e servidores da Receita Federal cumprem 62 mandados judiciais em São Paulo, no Rio de Janeiro, na Bahia e em Santa Catarina. Ao todo, são 18 mandados de condução coercitiva, um de prisão preventiva, três de prisão temporária e 40 de busca e apreensão. Segundo a PF, a nova fase foi deflagrada a partir da colaboração de um dos investigados, de documentos e contratos apreendidos em fases anteriores, além de informações prestadas por uma ex-funcionária de empresa que foi alvo da operação.

A nona fase da Lava Jato foi batizada de "My Way", forma pela qual o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco se referia a Renato Duque, ex-diretor da Área de Serviços, explicou a PF.


As informações são de Vasconcelo Quadros, do iG.

Você pode gostar