Rio - A Receita Federal brasileira abriu uma investigação para descobrir se uma dezena de pessoas envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras também poderiam ter contas não declaradas no HSBC da Suíça, afirmaram duas fontes com conhecimento da situação, neste sábado. Um ex-gerente da Petrobras tinha uma conta no banco, disse a primeira fonte, que pediu para não ser identificada, uma vez que a investigação ainda não foi tornada pública.
Outros incluem um doleiro ilegal e dois executivos de empresas de engenharia e equipamentos para petróleo que tinham contratos com a petroleira, acrescentou a mesma fonte. As fontes não deram nomes às pessoas envolvidas na investigação. A Receita Federal não quis comentar. Os esforços para falar com a assessoria de imprensa do HSBC em São Paulo não tiveram sucesso.
Esta semana, o HSBC admitiu falhas no cumprimento da lei e controles em seu banco privado suíço depois que a imprensa divulgou que a instituição ajudou clientes ricos a esconder milhões de dólares em ativos em um período que vai até 2007. O HSBC, no entanto, destacou que existem inúmeras razões legítimas para se ter uma conta bancária na Suíça.
No que vem sendo chamado de pior caso de corrupção na história do Brasil, promotores alegam que políticos da coalizão governista da presidenta Dilma Rousseff usaram a Petrobras para desviar bilhões de reais por meio de contratos superfaturados por mais de uma década. Até agora, mais de 40 pessoas foram detidas por causa de suspeitas de envolvimento no escândalo, conhecido no país como “Operação Lava Jato”.
A segunda fonte disse que “há uma ligação clara entre a ‘Operação Lava Jato' e as contas do HSBC na suíça”. Ele se recusou a dar mais detalhes.
Não é ilegal brasileiros terem contas no exterior, desde que declarem seus bens às autoridades fiscais.
Nesta sexta-feira à noite, a Receita lançou uma investigação mais ampla para determinar se brasileiros estavam envolvidos na abertura de mais de 6.600 contas não declaradas no braço suíço do HSBC. As contas sob investigação foram abertas entre 1988 e 2006 e tinham um valor estimado de 7 bilhões de dólares no final do período, declarou a Receita em um comunicado.
“As análises preliminares de alguns contribuintes já ajudaram a estabelecer a hipótese de potencial omissão ou incompatibilidade de dados com suas respectivas declarações entregues à Receita Federal”, dizia o comunicado. A Receita está considerando pedir a cooperação de outros países com a sua investigação.
Com a colaboração de Guillermo Parra-Bernal