Rio - Caminhoneiros seguem bloqueando rodovias do país nesta terça-feira, prejudicando o transporte de cargas e o escoamento de produtos do agronegócio em diversos estados. Há interdições no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em Goiás, a manifestação terminou no final da noite desta segunda-feira.
O grupo protesta contra os baixos preços de frete e os custos com combustíveis. A Petrobras elevou no final do ano passado os preços do diesel na refinaria, e posteriormente o governo federal reimplementou alguns tributos incidentes sobre os combustíveis, como a Cide, com impacto no valor da bomba.
Os estados mais prejudicados são Rio Grande do Sul, com 23 pontos interditados, Santa Catarina, com 15 trechos bloqueados e Paraná, com dez bloqueios. As rodovias de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais também têm pontos bloqueados.
A Polícia Rodoviária Federal informa que tem negociado com os manifestantes para liberar a passagem de ambulâncias, veículos de passeio e de transporte de passageiros. Até o momento, não houve registro de confronto entre caminhoneiros e policiais rodoviários federais.
Em São Paulo, as ocupações nas rodovias começaram ainda durante a madrugada, com o fechamento de faixas da pista sentido capital da Rodovia Presidente Dutra, altura do km 210,5. A Polícia Rodoviária Federal informou que o bloqueio ocorreu por 20 minutos, sem incidentes e que as retenções não chegaram aos 2 km. No entanto, de acordo com o Sindicato das Pequenas e Micro Empresas de Transporte e Logística de São Paulo e Regiões (Sinditrans-SP), o congestionamento atingiu 8 km, até o pedágio de Arujá, em Guarulhos.
Representantes da categoria informaram que placas dos caminhões que participaram do ato foram fotografadas por policiais. A multa para quem participa de evento em rodovia sem autorização pode chegar aos R$ 1,9 mil. O sindicato disse que 600 caminhões participaram do ato e que, após acordo com a PRF, uma das pistas foi liberada. A categoria informou que outras rodovias no estado serão fechadas.
AGU vai à Justiça por liberação das rodovias bloqueadas por caminhoneiros
Com objetivo de suspender os bloqueios das rodovias federais, promovidos pelos caminhoneiros, que reivindicam, entre outras coisas, a redução nos preços dos combustíveis, a Advocacia-Geral da União (AGU) decidiu nesta segunda-feira entrar na Justiça Federal com um pedido de liberação das rodovias bloqueadas. De acordo com a AGU, a medida tem o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional.
As ações, segundo a AGU, foram ajuizadas nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. O órgão informa, ainda, que pediu a autorização da Justiça para que o Poder Público possa adotar “medidas necessárias para garantir a circulação nas pistas e a fixação de multa de R$ 100 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar o tráfego”.
Nas ações, as procuradorias regionais da União argumentam que “os bloqueios aumentam os riscos de acidentes e ameaçam a segurança de todos que precisam utilizar as rodovias, além de provocarem graves prejuízos econômicos ao impedir que cargas, muitas delas perecíveis ou perigosas, cheguem ao destino”.
Protesto paralisa produção de duas fábricas no Paraná da BRF, dona da Sadia
Duas fábricas da empresa de alimentos BRF, em Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, no Paraná, interromperam o processamento de aves por falta de matéria-prima, devido aos protestos de caminhoneiros que atingem o Estado, informou a empresa nesta segunda-feira em nota.
A BRF, uma das maiores exportadoras de alimentos do Brasil, indicou que os protestos em rodovias, que ocorrem também em outros Estados brasileiros, podem trazer sérios problemas para a extensa cadeia de produção que movimenta praticamente todo o ciclo agropecuário, começando pela compra e transporte de grãos para fabricação de ração animal, industrialização e distribuição de alimentos.
Mais cedo, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, disse à agência de notícias Reuters que as manifestações estão causando prejuízos à indústria produtora e exportadora de carne suína e de aves, reduzindo abates de animais e ameaçando as exportações do país.
A BRF disse que "vem fazendo todos os esforços para a continuidade do seu ciclo produtivo, evitando a mortandade de animais nos campos e nos caminhões devido à falta de grãos, bem como a perda de certificações sanitárias e a consequente queda nas exportações, e garantindo o abastecimento de alimentos".
A companhia, maior produtora de carne de aves e suínos do Brasil, acrescentou que bloquear o escoamento dos produtos finais pode provocar o estrangulamento da cadeia produtiva, trazendo prejuízos.
Com informações da Agência Brasil e Reuters.