Por tamara.coimbra

Brasília - A chegada do tesoureiro do PT João Vaccari Neto como réu da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para depor na CPI da Petrobras, nesta quinta-feira, começou com uma grande confusão. Assim que Vaccari entrou no plenário um homem abriu uma caixa e soltou alguns ratos na sala. Houve correria e um princípio de tumulto. Foi chamada a Polícia Legislativa que prendeu o responsável pelo incidente.

Vaccari nega doações ilegais de fornecedores da Petrobras para campanha do PT

Seguranças tentam pegar os ratos que foram soltosLuis Macedo / Câmara dos Deputados

O homem não foi identificado, mas sua ação desencadeou uma pequena troca de acusações entre os deputados presentes. Alguns chegaram a acusar o deputado Delegado Waldir Soares (PSDB-GO) de supostamente ter alguma participação ou vínculo com o manifestante. Indignado, o tucano negou participação e ameaçou processar seus acusadores.

Além disso, um deputado governista acusou a oposição de tentar transformar a CPI "em um circo".

"Nada nos impedirá de dar prosseguimento à CPI. [...] Nós iremos prosseguir com o depoimento do senhor João Vaccari", afirmou o presidente do colegiado, deputado Hugo Motta, após o aparecimento dos ratos.

Após a confusão, policiais legislativos começaram a barrar a entrada de pessoas não credenciadas no local e a sessão voltou a normalidade. 

João Vaccari Neto%2C presta depoimento na CPI da Petrobras%2C na Câmara dos DeputadosMarcelo Camargo / Agência Brasil

O réu Vaccari Neto sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, depõe nesta quinta na Câmara dos Deputados na CPI da Petrobras e promete responder a todas as perguntas. Vaccari é apontado como o responsável do PT por arrecadar propinas de empresas contratadas pela Petrobras.

O tesoureiro iniciou sua participação na CPI com uma minipalestra sobre arrecadação feita por partidos junto a empresas ligadas a Operação Lava Jato. Vaccari nega as acusações e diz que todas as doações foram feitas de acordo com a legislação do Tribunal Superior Eleitoral. 

O réu falará sob a proteção de um habeas corpus e, além de poder contar com seu advogado de defesa, Luiz Flávio Borges D’Urso, sentado à mesa ao seu lado, o direito de não se comprometer a dizer a verdade ou mesmo se calar. O habeas corpus foi concedido na noite de ontem pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.

Funcionário da Câmara que soltou ratos será exonerado

O homem que soltou roedores na CPI da Petrobras no momento em que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entrava para depor é funcionário da Câmara e será exonerado. A informação é da assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados.

O funcionário foi detido pela Polícia Legislativa logo após ter soltado os animais. Ele foi identificado como Márcio Martins Oliveira e ocupa um “cargo de natureza especial” (de livre nomeação) na segunda vice-presidência da Câmara.

Homem é detido após soltar ratos no início do depoimento do tesoureiro do PT%2C João Vaccari Neto%2C na CPI da Petrobras%2C na Câmara dos DeputadosMarcelo Camargo / Agência Brasil

A deputada Professora Marcivania (PT-AP) esteve no Departamento de Polícia Legislativa Federal (Depol) e disse que Marcio se mostrava confuso, afirmando inclusive que não sabia como havia chegado à Câmara. Marcio continua detido.

Também esteve no local o assessor jurídico do PT Adilson José Carlos Barbosa. Ele disse que o partido vai registrar ocorrência no Depol por "constrangimento".

Os deputados Paulão (PT-AL) e Adelmo Leão (PT-MG) estiveram há pouco no Depol e afirmaram que a intenção do funcionário, ao soltar os roedores, era desmoralizar a Câmara. Os deputados afirmaram ainda que querem apurar se ele agiu a mando de alguém e reclamaram que o advogado do PT foi impedido de acompanhar o depoimento.

CPI da Petrobras

A CPI já ouviu o ex-gerente geral da refinaria Abreu e Lima, Glauco Legatti, os ex-presidentes Graça Foster e José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e o ex-gerente-executivo da Diretoria de Serviços da estatal Pedro Barusco. Voluntariamente, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também prestou esclarecimentos sobre as acusações de suposto envolvimento dele no esquema.

O empresário Augusto Mendonça Neto, da empresa Toyo Setal, será ouvido no dia 14 de abril. Em delação premiada, ele disse ter pago propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, dinheiro que seria destinado ao PT. Segundo ele, o partido teria recebido ó de desvios das obras da Refinaria do Paraná (Repar), entre 2008 e 2011, R$ 4 milhões.

No cronograma também está previsto o depoimento do presidente do BNDES, Luciano Coutinho no dia 16. O banco financiou a criação da empresa Setebrasil, empresa acusada de subcontratar estaleiros que teriam efetuado o pagamento de propinas.

Roedores custaram R$ 100

Os cinco roedores soltos ontem pela manhã na sala em que ocorria o depoimento de João Vaccari Neto à CPI da Petrobras custam cerca de R$ 100. Os animais foram identificados como dois esquilos-da-mongólia, um hamster e dois ratos cinza

As três espécies pertencem à ordem dos roedores. Os ratos e os esquilos-da-mongólia são da família dos murídeos. Já os hamsters, parentes mais distantes, são da família dos cricetinos. O hamster e o esquilo-da-mongólia são mais usados como animais de estimação.

Detido sob a acusação de levar e soltar roedores durante sessão da CPI, o assessor Mário Martins Oliveira foi exonerado do cargo em comissão. Em depoimento à Polícia Legislativa, ele negou ser o responsável pelo ato e disse que está sendo vítima de um equívoco.

Segundo a assessoria de imprensa da Câmara, as imagens da sessão serão usadas na investigação, e o assessor deverá responder por “tumulto em ato público – uma contravenção penal, ato considerado de menor poder ofensivo”.

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