Por victor.duarte

Brasília - Presa há uma semana, Marice Correa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, foi solta ontem por determinação do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná. Ela deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba ontem à tarde, depois que Moro revogou a prisão de Marice.
A decisão ocorre após surgirem dúvidas se de fato é Marice quem aparece em um vídeo de uma agência bancária, que até então havia sido considerado uma prova de que ela realizava depósitos na conta da mulher de João Vaccari Neto, Giselda Rousie de Lima.

Presa há uma semana, Marice Lima foi solta por determinação do juiz Sérgio Moro, da Lava JatoGazeta do Povo

Os procuradores identificaram que era Marice quem aparecia no vídeo, e a acusaram de ter mentido em depoimento à polícia sobre nunca ter feito depósitos na conta da irmã Giselda. Mas, de acordo com o advogado de Marice, Claudio Pimentel, quem aparece no vídeo é a própria Giselda, que se parece muito com a irmã.

Pimentel classificou o erro como constrangedor para sua cliente, mas disse que não pretende processar o Ministério Público. “Lamentavelmente ela ficou presa por mais dois dias. Mas o erro já foi corrigido, isso é o mais importante”, disse.

A dúvida sobre quem estava no banco pôs em xeque o principal argumento usado pelos procuradores para pedir a transformação da prisão temporária de Marice em preventiva. Os procuradores afirmaram que a cunhada de Vaccari era quem estava fazendo depósitos referentes a uma “mesada de fonte ilícita” na conta da irmã, Giselda. Já a defesa de Marice pediu que não fosse decretada a preventiva e fosse revogada a temporária, que iria até domingo.

Moro solicitou à Polícia Federal que verificasse quem de fato aparecia no vídeo, se Marice ou Giselda. O Ministério Público insistia em manter Marice presa por acreditar que o laudo da PF poderia demorar e que, independente de quem aparece no vídeo, há provas do seu envolvimento criminoso para justificar sua prisão preventiva.

“Neste momento processual, porém, este juízo não tem mais certeza da correção da premissa utilizada de que ela seria responsável pelos referidos depósitos, em vista da semelhança física entre Marice e Giselda, e da admissão por Giselda de que seria ela a responsável pelos depósitos”, argumentou Moro, no despacho em que decidiu indeferir a decretação da prisão preventiva e revogar a temporária. “Também não há mais certeza de que Marice teria então faltado com a verdade em seu depoimento no inquérito quanto a não ser a responsável pelos depósitos”, afirmou o juiz. Presa na sexta-feira passada, a prisão de Marice havia sido prorrogada, principalmente por causa do vídeo.

‘Corrupção na Petrobras foi restrita a três pessoas’

Em depoimento ontem à CPI da Petrobras, o executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça Neto, delator na Operação Lava Jato, afirmou que não houve superfaturamento dos contratos e defendeu a estatal, restringindo a corrupção a três ex-funcionários. Ele citou os nomes ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque, e o ex-gerente da petroleira Pedro Barusco.

Mendonça Neto também confirmou à CPI o teor de suas delações premiadas à força-tarefa que investiga o escândalo de corrupção na petroleira.

“Estamos assistindo hoje a Petrobras sendo massacrada pela mídia, pela opinião pública, a imagem muito arranhada, parecendo uma empresa de segunda categoria repleta de gente corrupta, quando é exatamente o inverso. Tive participação longa na Petrobras e o único contato que tive de corrupção foi com essas três pessoas que citei”, disse.

Pezão espera retomada do Comperj

Antes de se reunir ontem com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse que o estado está sofrendo pela paralisação das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo ele, a expectativa é que as obras sejam retomadas, depois da divulgação do balanço da Petrobras.

“É muito importante que a Petrobras volte a funcionar, volte com as obras do Comperj para nós. Ela é essencial. A cidade passa por um momento muito difícil e é uma obra que está quase 90% pronta. Falta muito pouco para acabar”, observou o governador. “Agora, acho que é uma outra fase, de começar a negociar, começar a ver, porque a Petrobras é importante para o país, mas ela é muito mais importante para o Rio. A gente está sofrendo muito pela paralisação das atividades.”

Anteontem, o balanço da Petrobras mostrou que o Comperj sozinho representou perdas de R$ 21,833 bilhões. Mesmo assim, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, garantiu a continuidade das obras.

Supremo nega pedido de Corrêa

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, negou ontem a concessão de uma liminar para anular o pedido de prisão preventiva do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE). Ele é investigado por participação no esquema de corrupção da Petrobras. Corrêa foi preso por decisão do juiz federal Sergio Moro, responsável pelas apurações da Operação Lava Jato.

Para liberar seu cliente, os advogados de Corrêa argumentaram que o inquérito contra o ex-deputado por suposta participação no esquema estão no Supremo, que teria a competência para atuar no caso. Mas o relator dos inquéritos que avaliam as acusações contra políticos, Zavascki não viu irregularidade na decisão de Moro.

Dois presos da Lava Jato foram transferidos ontem da carceragem da Polícia Federal em Curitiba para o sistema penitenciário do Paraná. Dario de Queiroz Galvão Filho, diretor-presidente do Grupo Galvão, e Guilherme Esteves de Jesus, lobista, chegaram ao Complexo Médico-Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, na tarde de ontem Eles estão presos preventivamente desde o dia 27 de março.

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