Por tamara.coimbra

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu a declaração de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que fez um pronunciamento exibido nas redes de televisão na última terça-feira no programa partidário do PSDB. Lula não chegou a citar nominalmente FHC, mas falou em "nosso adversário". Além disso, o ex-presidente petista comentou sobre corrupção no governo do PT e fez uma acusação velada de corrupção tucana. A defesa foi feita na noite desta quarta-feira, durante um evento para bancários, em São Paulo.

"Eu vi o programa do nosso opositor [FHC], que foi um presidente letrado. Ele não tinha o direito de falar a bobagem que ele falou ontem [19] à noite. Se ele queria falar sobre corrupção, ele deveria falar sobre a história da aprovação da emenda reeleição no país." A aprovação da emenda que possibilitou a reeleição no Brasil foi votada no primeiro mandato de Fernando Henrique, sob acusação de compra de votos e vista grossa do então procurador geral da República, Geraldo Brindeiro, que recebeu o apelido de engavetador-geral da República.

Lula participa de evento promovido pela CUT e o Sindicato dos Bancários%2C em São Paulo Ricardo Stuckert/Instituto Lula

"Hoje não tem tapete pra esconder as sujeiras. Na época dele só tinha tapete. No nosso governo não tem engavetador de processos, de investigação, como tinha no dele", afirmou Lula sobre a propaganda politica do PSDB, na qual Fernando Henrique Cardoso disse que "nunca se roubou tanto nesse país".

Na abertura do Seminário Nacional da Contraf-CUT (sindicato dos trabalhadores do setor financeiro, ligada a central), Lula fez um retrospecto da situação atual do Brasil.

"Seria ótimo que nossa família nunca tivesse problemas. Nem com filho, esposa, doença, nada. Na economia é assim. Mas melhoramos muito. O salto de qualidade que nós demos é impressionante. Este país mudou. E as pessoas querem mais. E é assim mesmo. O lema é dizer tudo o que está acontecendo, com honestidade."

Ao longo de sua fala, o ex-presidente defendeu as atitudes da presidenta Dilma Rousseff.

"A presidente Dilma anunciou um ajuste. Todo mundo que fala do ajuste fiscal só fala das medidas provisórias. Mas isso é a menor parte, representa R$ 18 bilhões da economia. Só no ano passado foram desonerados R$ 114 milhões. Isso foi necessário para que chegássemos em dezembro com a menor taxa de desemprego do Brasil, 4,8%. Tivemos de subsidiar o Minha casa, Minha Vida para quem ganha até três salários mínimos poder ter sua casa. Esse povo é brasileiro. É preciso melhorar a vida dele. Nós fizemos isso."

Lula disse que todos fazem ajustes de contas e lembrou a reação contrária ao governo petista. "Então temos de fazer ajustes? Precisamos! Todos fazem ajuste em casa. Nenhum país do mundo vai para a frente com a descrença e mau humor que vivemos hoje. Essas pessoas que estão batendo panela hoje tem de entender que a Dilma foi eleita, então eles têm de aprender a esperar e votar no deles. E isso quem vos fala é a pessoa que perdeu muitas eleições."

Disse ainda que a Petrobras não tem de "ficar um século discutindo o Lava Jato. Tem de fazer o pré-sal".

Otimista, Lula pediu empenho para que os trabalhadores ajudem o país a passar pela fase difícil. "Eu estou convencido de que essa angústia que estamos vivendo será superada. E eu nunca pedi para o movimento sindical não pedir, não reivindicar. Nós estamos sendo vítimas de um momento auspicioso. Quando um pobre imaginou que ia entrar na faculdade? Nunca."

Lula comparou o governo do PT aos anteriores. "Os governos anteriores governavam para 35% da população. Nós mudamos isso enfrentando o dilema: o país tem de crescer para desenvolver ou para distribuir? Nós distribuímos. E todos querem ainda mais", disse.

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