Brasília - Defensor do chamado distritão, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi derrotado ontem junto com sua proposta, que previa a eleição dos deputados e vereadores mais votados. Foram 267 votos a favor do distritão, 210 contra e cinco abstenções — eram necessários 308 votos para a mudança no sistema eleitoral.
“Venceu o bom senso. Perdeu Eduardo Cunha, ganhou a democracia”, comemorou a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ). Para o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), a reforma política já era para ter sido feita há dez anos, quando ainda não havia 28 partidos na Câmara. “Mas é uma vitória”, disse.
A Câmara dos Deputados rejeitou no início da noite de ontem duas outras propostas que alteravam o sistema eleitoral: o voto em lista, defendido apenas pelo PCdoB; e o distrital misto, proposto pelo PSDB. O primeiro recebeu apenas 21 votos a favor, 402 contra e duas abstenções. O segundo, 99 a favor, 369 contrários e duas abstenções.
Contrariando orientação de seu presidente, o senador Aécio Neves (MG), o PSDB liberou a bancada na votação do distritão. Já o PCdoB, que antes defendera o voto em lista supostamente para fortalecer os partidos, decidiu fechar com o distritão, cuja crítica é justamente de que enfraquece os partidos políticos.
Na tentativa de aprovar o distritão, Eduardo Cunha atropelou a Comissão de Reforma Política na Casa, dando ao deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) a tarefa de preparar relatório defendendo a mudança no sistema eleitoral.
O principal argumento usado pelos parlamentares contrários ao distritão foi o levantamento do International Institute of Democracy: apenas quatro países, de uma lista com 200 nações, adotam o modelo para a eleição de deputado e vereador. É aplicado no Afeganistão, na Jordânia e em duas ilhas do Pacífico: Vanuatu e Pitcairn — esta última com apenas 50 habitantes.