Por victor.duarte

Brasília - Após a prisão do italiano Pasquale Scotti, ex-membro da Camorra, nesta terça-feira, em Recife, a Interpol e a Polícia Federal brasileira investigam agora se o criminoso era sustentado pela máfia napolitana no país. Até meados da década de 1980, Scotti era braço direito de Raffaele Cutolo, ex-chefe da organização criminosa, e comandava o seu grupo armado. Por conta disso, se envolveu em 26 homicídios e, em 2005, foi condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua.

Quando isso ocorreu, ele já carregava sentenças por porte ilegal de arma de fogo, resistência e extorsão, mas vivia foragido no Brasil há mais de 20 anos. "Ele era considerado pelas autoridades italianas como uma das pessoas mais perigosas da máfia", diz o delegado Valdecy Urquiza Junior, chefe da divisão brasileira da Interpol.

Líder da máfia italiana é preso no Recife

Líder da máfia italiana preso pela Interpol e PF chega a Brasília

Italiano condenado por chefiar máfia é preso no RecifeDivulgação/Polícia Federal

Até onde as investigações apuraram, Scotti residiu sempre em Recife e trabalhava como empresário, levando uma vida confortável, porém bastante reservada. Na capital pernambucana, chegou a ter uma boate e uma casa de fogos de artifício, negócios que a polícia investiga se foram financiados com recursos da Camorra. "A preocupação é descobrir se existia alguma rede de apoio a ele no Brasil e como esse apoio era efetuado", acrescenta Urquiza.

O que se sabe é que ele mantinha contato com italianos que moravam em Recife e que conterrâneos o visitavam periodicamente. No momento, Scotti está preso em Brasília, onde aguarda uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux para saber se será transferido para uma penitenciária de segurança máxima.

O processo de extradição para a Itália ainda pode demorar mais de três meses para ser concluído, mas uma coisa é certa: o mafioso não cumprirá a prisão perpétua em seu país de origem. Os tratados entre as duas nações proíbem que o criminoso tenha uma sentença superior ao limite estabelecido pela legislação brasileira, que é de 30 anos de cadeia.

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