Por karilayn.areias

Brasília - Depois de mais um dia sem depoimentos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras se prepara para ouvir 14 pessoas na semana que vem e votar novas convocações como a do ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage.

Na reunião desta terça-feira, os empreiteiros Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Construtora Mendes Júnior, e Dario Queiroz Galvão Filho, presidente da Galvão Engenharia, denunciados por pagamento de propina e lavagem de dinheiro, usaram o direito de permanecer calados e foram dispensados pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), a pedido do relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

A dispensa foi criticada por alguns deputados. “Eu quero fazer perguntas”, protestou o deputado Ivan Valente (Psol-RJ).

O deputado Aluisio Mendes (PSDC-MA), que é delegado da Polícia Federal, também reclamou. “A CPI tem uma função didática, de mostrar ao País como funciona o esquema. E muitas vezes o depoente diz que não vai falar e acaba falando, como o ex-deputado Pedro Corrêa”, disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Júlio Faerman
Dos 14 depoimentos marcados para a próxima semana, o mais aguardado é o do empresário Júlio Faerman, ex-representante comercial da empresa holandesa SBM Offshore no Brasil. Ele é suspeito de ter feito pagamento de propinas a ex-diretores da Petrobras em troca de contratos com a estatal.

Faerman já havia sido convocado a depor, mas não foi localizado. Ele só se dispôs a depor depois que a CPI aprovou a convocação do filho e do sócio dele. Ele será ouvido na terça-feira.

Na segunda-feira, serão ouvidos sete funcionários da Petrobras que tiveram participação nas obras das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP).

Na quarta, serão ouvidos outros seis funcionários de segundo e terceiro escalão da Petrobras, envolvidos em processos de licitação, compras e até comunicação da empresa.

Novas convocações
Já na quinta-feira, a CPI vai se reunir para votar requerimentos de convocação. O presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), quer votar pedidos de acareação entre acusados que fizeram acordo de delação premiada com a Justiça – como o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o ex-gerente de Tecnologia Pedro Barusco.

Mas há outros pedidos que também devem ser votados. Um deles é o depoimento do empresário Júlio Camargo, um dos delatores do esquema, que relatou em depoimentos ter feito pagamento de propina a diretores e agentes políticos.

Já o relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), avisou que vai priorizar a convocação de Jorge Hage e a definição da data do depoimento de Antônio Gustavo Rodrigues, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

A presença de Jorge Hage é motivada pelas informações que o advogado inglês Jonathan Taylor deu à CPI em depoimento realizado em Londres. O advogado participou de investigação interna na empresa holandesa SBM Offshore a respeito do pagamento de propina a diretores da Petrobras e agentes políticos em troca de contratos e disse que a CGU não investigou a denúncia no ano passado em função das eleições.

Já o presidente do Coaf deve comparecer à CPI para explicar como se dá a fiscalização do mercado financeiro, principalmente relativo a negociações de câmbio. Essa vertente das investigações decorre do teor do depoimento da doleira Nelma Kodama, parceira de Alberto Youssef.

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