Por bferreira

Brasília - Reunido com senadores do PMDB e do PT na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou ontem o fim da reeleição previsto na reforma política, aprovada no mês passado pela Câmara dos Deputados. A proposta ainda precisa passar pelo crivo de novo dos deputados e, depois, ser votado duas vezes pelos senadores.

“Ele (Lula) disse que não achava oportuno o fim da reeleição. Ele entende que o mandato de quatro anos é um mandato muito curto para não ter reeleição. Se fosse um mandato de cinco, tudo bem”, afirmou Renan.
Segundo ele, o encontro de Lula com os senadores peemedebistas e petistas foi uma “missão de paz”.

Acompanhado de Paulo Okamotto, que foi convocado no início do mês para depor na CPI da Petrobras, Lula defendeu no encontro maior diálogo da presidenta Dilma Rousseff com os demais Poderes, especialmente o Legislativo.

“Ele (Lula) veio pra enfatizar isso, a importância do PMDB, dessa aliança”, afirmou o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). Para ele, o PT tem “papel preponderante” na coordenação política. [O PMDB]

No encontro com os governistas, Lula ouviu reclamações e ataques da cúpula peemedebista ao governo Dilma Rousseff. Os senadores do partido alegaram que o governo está paralisado e que pouco adianta anunciar pacotes para alavancar a economia.

Na véspera, o ex-presidente se reunira com as bancadas de deputados e senadores petistas, que reclamaram da falta de diálogo com o governo. Acusaram ainda a presidenta de “não valorizar” o PT. As queixas giraram em torno da liberação de cargos, emendas parlamentares e até do reconhecimento de fidelidade após votações importantes no Congresso.

Os parlamentares aproveitaram para reclamar que Dilma não os recebe e não prestigia o PT. Disseram ainda que ministros telefonaram para líderes de partidos aliados para agradecer ao apoio, mas ninguém entrou em contato com os petistas.

Comissão vai questionar ministro

Senadores da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado pretendem questionar o ministro Edinho Silva (Comunicação Social) sobre a delação premiada de Ricardo Pessoa. O empreiteiro, dono da UTC, disse ter doado R$ 7,5 milhões à campanha da presidenta Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. Edinho Silva foi tesoureiro da campanha presidencial.

As perguntas deverão ser feitas a partir de um convite, aprovado ontem, para que ele compareça ao Senado para esclarecer uma declaração, na qual fala da possibilidade de combater o sentimento de rejeição ao PT a partir de campanhas dos bancos estatais. Por ser convite, ele não é obrigado a atender.

Na Câmara, o deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da OAB, foi nomeado para a CPI da Petrobras. Ele assumiu o mandato no fim de maio, a pedido do ex-presidente Lula. O objetivo era fazer um debate qualificado em defesa do governo e do PT na Comissão.

Presidenta diz que não demite ministro pela imprensa

No terceiro dia de viagem aos Estados Unidos, a presidenta Dilma Rousseff criticou ontem o que chamou de “vazamento seletivo” de informações das investigações da Operação Lava Jato, que envolveu doações para dois de seus ministros, Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação. E afirmou que não será pela imprensa que anunciará o futuro deles. “Da minha parte, quero dizer que eu não demiti ministro ou aceitei ministro nomeado pela imprensa”, argumentou Dilma.

Ele participou de entrevista coletiva ao lado do presidente Barack Obama, na Casa Branca. “Vou aguardar toda a situação dos fatos. Acredito que seja necessário ter acesso aos autos. Estranhamente, há um vazamento seletivo (...) e aqueles que são acusados não têm como se defender”, completou.

Mercadante e Edinho foram citados pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, delator na investigação que apura esquema de corrupção na Petrobras. Em delação premiada, Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente.

“Em várias democracias, nós preservamos o direito de defesa das pessoas e a obrigação da prova ser formada com fundamentos e não simplesmente com ilações ou sem acesso às peças acusatórias. Isso é um tanto quanto Idade Média. Não é isso que se pratica hoje no Brasil”, disse Dilma. Ela saiu em defesa também da Petrobras, dizendo que a empresa “não está sub judice”.

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