Brasília - Após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarar que "rompeu" com o governo Dilma, a Presidência da República informou em nota, nesta sexta-feira, que "espera que isso não se reflita em decisões parlamentares". O governo se defendeu da acusação de Cunha de perseguição: "O Governo sempre teve e tem atuado com total isenção em relação às investigações realizadas pelas autoridades competentes".
Eduardo Cunha diz que rompeu politicamente com governo Dilma
O governo reiterou a importância do PMDB para o partido, afirmando que "tanto o Vice-Presidente da República como os Ministros e parlamentares tiveram e continuam tendo um papel importante" e que a posição do presidente da Câmara é "de cunho estritamente pessoal".
Em entrevista à jornalistas nesta sexta, Cunha afirmou que sua posição não irá refletir na "governabilidade" e que irá pautar também projetos de interesse petista, mas fez um aviso de que agora é oposição.

"Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido", afirmou Eduardo Cunha nesta sexta-feira. Nesta quinta-feira, Cunha foi acusado pelo delator Júlio Camargo, nas investigações da Lava Jato, de receber propina de US$ 5 milhões.
O presidente da Câmara rebateu as acusações e desafiou o delator a provar o que disse. Eduardo Cunha afirmou que o procurador-geral havia obrigado Camargo a mentir em seu depoimento para, a mando do governo, constranger o Legislativo.
Eduardo Cunha, que era líder do PMDB na Câmara antes de assumir a presidência da Casa, no último mês de fevereiro, vem atacando publicamente a aliança com o PT. Ele defendeu, inclusive, que o vice-presidente Michel Temer deixe o cargo de articulador do governo Dilma.
Os próximos passos de Cunha devem envolver a instalação de CPIs de pauta contrária ao governo, como a dos fundos de pensão, por exemplo, e questões que envolvem o julgamento das contas de 2014 da administração de Dilma.
O TCU considerou que há diversas irregularidades nas contas que consistem em atrasos nos repasses do governo a bancos públicos para o pagamento de programas sociais. Tais "pedaladas fiscais", como chamou o TCU, configuram empréstimo e violam a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A respeito do impeachment da presidenta, Cunha afirmou que em 30 dias deve decidir se aceita ou não a abertura do processo, apresentado em maio pelo Movimento Brasil Livre (MBL).