Por karilayn.areias

Brasília - Preso na 14ª fase da Operação Lava Jato, o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de quatro crimes: corrupção ativa, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e crime contra a ordem econômica. Outras sete pessoas, entre elas quatro executivos da Odebrecht, também foram indiciadas pelos mesmos crimes. No domingo, a PF já havia indiciado Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, e outras oito pessoas.

Marcelo Odebrecht e mais quatro executivos da empreiteira foram indiciados por suspeita de corrupçãoReprodução You Tube

Relatório feito pelo delegado Eduardo Mauat da Silva aponta indícios de acerto prévio em licitação e pagamento de propinas em pelo menos sete obras da Petrobras. O documento da PF assinala ainda suspeita de operação de um esquema dentro da estatal para vender nafta, principal insumo da indústria plástica, a preços abaixo dos praticados para a Braskem, braço petroquímico do grupo Odebrecht. De acordo com o delegado Eduardo Mauat, Marcelo Odebrecht não só tinha conhecimento e participação nos ilícitos como teria tentado “obstaculizar as investigações”.

O relatório será encaminhado ao Ministério Público Federal, que avaliará a investigação da PF antes de decidir se oferece ou não à Justiça a denúncia pelos fatos. Além de Marcelo Odebrecht, foram indiciados os funcionários da empreiteira Rogério Santos de Araújo, Alexandrino de Salles de Alencar, Márcio Faria da Silva e Cesar Ramos Rocha. Todos estão presos desde 19 de junho em Curitiba. Os diretores do conglomerado foram afastados de suas atividades após serem presos. O gerente da Petrobras Celso Araripe de Oliveira, responsável pela obra da sede da Petrobras em Vitória, também foi indiciado. Também estão na lista da PF o ex-funcionário João Antônio Bernardi e o ex-diretor Alexandrino Alencar e Eduardo de Oliveira Freitas Filho.

De acordo com a PF, dados gravados no telefone celular de Marcelo Odebrecht, um dos itens apreendidos, indicariam que o presidente do grupo teria tentado obstruir a investigação da Lava Jato, citando inclusive políticos e esferas do Judiciário.

“Cabe ainda examinar qual teria sido a postura de Marcelo Odebrecht acerca do que envolve a participação da empresa nos ilícitos investigados na Operação Lava Jato. E esse panorama pode ser depreendido com certa segurança a partir das notações feitas pelo próprio em seu telefone (..). Ali podemos constatar referências a nomes de autoridades públicas, doações e ‘pagamentos diretos’, influência junto a instituições (inclusive o Judiciário) sendo tais assuntos tratados em meio aos interesses comerciais do grupo empresarial”, diz o relatório do delegado Eduardo Mauat.

Executivos condenados

Três executivos afastados da construtora Camargo Corrêa foram condenados ontem por crimes cometidos em contratos e aditivos com a Petrobras para as obras da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; da Refinaria de Abreu e Lima (Renest), em Pernambuco; e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Esta é a primeira sentença da Operação Lava Jato contra executivos de empreiteiras referente a 7ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em novembro de 2014.

A Justiça Federal do Paraná condenou os três ex-dirigentes da Camargo Corrêa por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Dalton Avancini, ex-presidente da empresa, e Eduardo Leite, ex-vice-presidente, foram condenados a 15 anos e 10 meses de reclusão. O ex-presidente do conselho de administração João Ricardo Auler foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção ativa e deverá ser preso, pois foi revogada sua permanência em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica.

Os três poderão recorrer da decisão de Moro ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região. Avancini e Leite fizeram acordo de delação premiada com a Justiça, em troca de penas mais brandas. Ambos estão em prisão domiciliar.

Lula não interferiu, diz Pedro Passos

“O ex-presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha para nenhuma empresa brasileira”, garantiu ontem o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho. “Para ser uma coisa que toda a gente perceba direitinho, é assim. Não me veio dizer: há aqui uma empresa que eu gostava que o senhor, se pudesse, desse ali um jeitinho. Isso não aconteceu. E nem aconteceria, estou eu convencido, nem da parte dele, nem da minha parte”, disse Passos Coelho. A declaração foi em resposta à informação do jornal ‘O Globo’ , que revelou o teor de um telegrama em que o ex-presidente Lula teria pedido a Pedro Passos para que este desse atenção aos interesses da Odebrecht na privatização da Empresa-Geral de Fomento. Segundo o primeiro- ministro, ele não recebeu nenhum pedido de informações das autoridades judiciais brasileiras sobre este assunto. “Não, nenhum”, assegurou Pedro Passos.

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