Por marcelle.bappersi

São Paulo - Em entrevista à edição desta quinta-feira do "Jornal Nacional", a advogada Beatriz Catta Preta afirmou que passou a ser perseguida e intimidada por integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras. Ela tem como clientes nove nomes que acertaram processo de delação premiada com a Justiça – responsáveis por passar detalhes de como funcionava o esquema de corrupção entre empreiteiras e a estatal – e se tornou foco dos noticiários após deixar o Brasil por mais de um mês, levantando rumores de que teria fugido devido às supostas ameaças.

Beatriz Catta Preta acompanha depoimento de seu cliente Pedro Barusco na CPI%2C em marçoZeca Ribeiro/ Agência Brasil

"Depois de tudo o que aconteceu, e por zelar pela segurança dos meus filhos e da minha familia, decidi encerrar minha carreira na advocacia", disse Beatriz ao telejornal. A advogada afirmou ter começado a se sentir intimidada após o depoimento do consultor Júlio Camargo em 16 de julho, quando ele o conteúdo de depoimentos anteriores e acusou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de receber propina de US$ 5 milhões.

Após a acusação, Beatriz foi convocada a prestar depoimento na CPI, medida derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira, com base no fato de seu depoimento quebrar o direito à inviolabilidade do sigilo profissional. Ela diz que, caso tenha de ir à comissão, não revelará nenhum dado sob sigilo.

"Ele [Júlio Camargo] não falou antes [sobre a propina a Cunha] por receio, tinha medo de chegar ao presidente da Câmara", explicou a advogada. "[Ele fez isso só agora devido à] colaboração, à fidelidade... O fato de o colaborador não poder mentir fatos o levou a assumir o risco que ele temia e levar tudo à Procuradoria Geral da República [...] Todos os depoimentos vieram respaldados, com informações, dados, documentos. Nunca houve [nas delações que negociou] o dizer por dizer."

Na entrevista, Beatriz ainda negou ter fugido do País – garantiu que viajou a Miami a lazer, "como faço sempre durante as férias escolares dos meus filhos" – e rechaçou ter recebido R$ 20 milhões em contas no exterior de seus clientes na Lava Jato, como foi acusada.

"Este número é absurdo, não chega nem à metade disso", garantiu. "E o dinheiro foi todo recebido via transferência bancária, mediante nota fiscal, impostos incluídos... A vida financeira do meu escritório é absolutamente correta. E nunca recebi nada fora do Brasil."

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