Por marina.rocha

São Paulo - O chamamento do vice-presidente da República, Michel Temer, pela reunificação diante da grave crise no Congresso e sua habilidade política o credenciam para assumir o país num eventual impedimento da presidente Dilma Rousseff, ainda que ele negue tal objetivo.

Temer veio a público na quarta-feira fazer um apelo para que os parlamentares não agravassem a crise econômica e afirmou que alguém teria que trabalhar pela reunificação do país. As federações das indústrias dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro manifestaram apoio à proposta de união apresentada pelo vice-presidente.

Mas as palavras dele abriram caminho para a interpretação de que Temer estaria fazendo um jogo duplo, articulando em prol do governo e movimentando-se para mostrar ser alternativa confiável de solução num cenário de impedimento de Dilma.

A situação levou Temer a explicar para a chefe a intenção de suas declarações, gerando rumores sobre a saída do vice do posto de articulador, o que foi classificado por ele como boatos infundados.

Pessoas próximas ao peemedebista procuram afastar a intepretação de que Temer estaria fazendo jogo duplo destacando para isso a lealdade do vice.

"Ele é uma pessoa muito leal", disse o analista político Thiago de Aragão, sócio da consultoria Arko Advice e que trabalhou com Temer neste ano. "Não acho que ele disputará a Presidência em 2018, porque antes o governo atual precisa ser resolvido. Após isso, o futuro dele está em aberto", acrescentou.

Mas o futuro do vice-presidente de 74 anos pode ser definido antes do que ele imagina, caso Dilma sofra um impeachment. A petista tem pela frente a análise das contas do ano passado de seu governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que pode abrir caminho para um processo de impedimento e catapultar Temer para o comando da República.

“Eu sinceramente acho que ele (Temer) é o único que poderia vir a ter (as condições para solucionar a crise)... Se ele não tem, ninguém mais tem", disse o cientista político Carlos Melo, do Insper.

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