Por gabriela.mattos

Brasília - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira que o Brasil enfrenta um problema de liderança, e que é necessária uma “voz que seja ouvida e tenha força institucional” para unir o país, evitando, contudo, falar em renúncia ou impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"Não adianta fazer conchavo, temos que restaurar a confiança, dizendo de antemão o que vai ser feito, quais são as possibilidades que estão se abrindo", disse ele, durante evento de presidentes de grandes empresas de varejo em São Paulo, ao se referir à conjuntura econômica e política do país.

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que Brasil vive atualmente um problema de liderançaReuters

"Isso se chama liderança. Temos um problema na liderança", diagnosticou.

De acordo com o tucano, o atual arranjo político não satisfaz a população, e todos os ex-presidentes são responsáveis por isso. “O sistema político fracassou... Está na hora de mudarmos”, completou.

“Não é tão difícil ter um road map (mapa do caminho), isso não é tão complicado, o que é complicado é juntar... Eu sou otimista, apesar de tudo, eu acho que vai chegar um momento em que isso vai acontecer”, avaliou.

Segundo o ex-presidente, os próximos meses continuarão difíceis na política brasileira, mas na economia há chance de melhora mais rápida. “A economia é diferente, porque tem suas regras. Está aumentando o desemprego, cortando o crédito. Daqui a pouco fica barato e vem gente com dinheiro e aí retoma. Ela tem seus ciclos de saída”, declarou.

“Na política não. Se não criar, não vai ter esse ciclo (de saída). Tem que se resolver como criar novo ciclo da política. Nos próximos meses vamos ver instabilidade política, estamos decidindo quem são os que vão no futuro negociar para ter uma saída, é o que está em jogo.”.

Fernando Henrique, que governou o país entre 1995 e 2002, disse que o Estado brasileiro está “inchado” e que o número de ministérios deveria ter sido reduzido “há muito tempo”, depois de o governo anunciar na véspera uma reforma administrativa que deve incluir a eliminação de 10 das 39 pastas atualmente existentes.

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