Brasília - O PMDB deve ter, a partir de amanhã, sua maior participação na Esplanada dos Ministérios desde que se passou a integrar a base aliada do governo federal nos últimos dez anos. A presidenta Dilma Rousseff (PT) pretende entregar sete pastas para o partido do vice-presidente Michel Temer na reforma administrativa articulada nas últimas semanas. O objetivo das mudanças é assegurar vitórias para o Palácio do Planalto nas votações do Congresso, contemplando os interesses do partido aliado na Câmara e no Senado. Dilma, que pretendia extinguir dez ministérios, irá agora cortar nove das 39 pastas.
O plano inicial da presidenta era garantir seis pastas ao PMDB — mesmo número que o partido teve durante o segundo mandato do governo Lula, quando controlou inclusive a Saúde. Para esta reforma, Dilma foi convencida pelo ex-presidente e pelo governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), a evitar mais atritos com os peemedebistas e entregar mais uma pasta à legenda. Já é certo que o partido voltará a ocupar a Saúde, dona do maior orçamento - o antigo titular, Arthur Chioro, foi demitido do cargo ontem. Os deputados Marcelo Castro (PI) e Manoel Júnior (PB) são cotados para sucedê-lo.
Hoje, o partido comanda seis pastas: Agricultura, Aviação Civil, Portos, Turismo, Minas e Energia e Pesca. Para esta reforma, a presidenta ofereceu duas pastas ao PMDB da Câmara como forma de tentar se reaproximar dos deputados, depois de sucessivas rebeliões que custaram derrotas ao governo. Ela irá manter os dois ministros indicados pela bancada do Senado: Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura).
Senadores do PT reclamaram da perda de espaço da legenda na Esplanada dos Ministérios. Em reunião com o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, parlamentares se queixaram da ausência de pastas consideradas estratégicas, como Saúde e da extinção de pastas como Direitos Humanos. “A ideia é que reforma administrativa ajude a fortalecer a base do governo e melhorar o desempenho da gestão dos ministérios” afirmou Berzoini.
Governador do Rio defende redução para 15 ministérios
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, afirmou ontem em São Paulo que a presidenta Dilma Rousseff deveria reduzir para 15 o número de ministérios da Esplanada. Segundo ele, falta diálogo à presidenta. “Converso muito com a Dilma. Ela teve dificuldades de sentar e conversar com os partidos logo após a reeleição. A crise para mim é de conversa. O país saiu dividido depois da eleição, acho que começou errado, mas nada está perdido. Eu chamaria a oposição para conversar em nome do país”, declarou Pezão.
Ele afirmou ter sugerido pessoalmente que a presidenta reduza ainda mais o número de pastas da Esplanada. “Eu reduziria a máquina . Não é despesa significativa, mas sinaliza algo. E reduziria 15 ministérios tranquilamente. Não podemos ficar parados. O país precisa achar uma porta”, afirmou o peemedebista, que negou qualquer intenção de se tornar a principal voz da articulação política. “Tenho ajudado na articulação dentro do que eu posso. Não tenho pretensão de substituir quem o PMDB tem nesse processo. Dou palpite, mas dou como amigo”, resumiu.