Por clarissa.sardenberg
Rio Grande do Sul - O deputado estadual Mário Jardel (PSD-RS) está sob investigação do Ministério Público (MP). O ex-jogador de futebol, que já atuou no Vasco e é ídolo no Grêmio, é suspeito de participar de um esquema de corrupção para desvio de verbas a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Na manhã desta segunda-feira, o MP fez buscas no gabinete e na casa do deputado, além de outros seis endereços, na operação intitulada "Gol Contra".
Deputado Mário Jardel (PSD) é suspeito de desviar verbas da Assembleia Legislativa do Rio Grande do SulReprodução Internet

Jardel foi afastado do cargo por 180 dias. O deputado foi denunciado por um de seus assessores. A investigação, ainda em andamento, aponta que Jardel exigia parte dos salários de funcionários fantasmas e teria envolvimento com traficantes.

A Justiça teve acessos a conversas telefônicas que comprovam o esquema. Segundo o procurador-geral Marcelo Dornelles, o deputado pode ser denunciado pelos crimes de concussão, peculato, lavagem de dinheiro e, talvez, por tráfico de drogas.

O dinheiro arrecadado por Jardel servia para pagar despesas pessoais e até mesmo o aluguel de seu irmão e mãe, segundo a Procuradoria. A fatura do cartão de crédito da mulher do deputado também era paga com dinheiro desviado da Câmara.

De acordo com o MP, entre 27 e 30 de agosto, Jardel e o assessor foram para Santana do Livramento e outros três funcionários receberam diárias sem terem viajado. O total de despesa dos cofres públicos foi de R$ 5 mil.

Jardel desenvolveu um esquema de notas frias que envolvia viagens a trabalho. Segundo investigadores, junto com um assessor, ele viajava para o interior, no mesmo carro, e levavam notas frias para os funcionários que não haviam ido, para que pudessem receber o valor das diárias. Situações como essa "aconteciam diariamente", segundo o relatório.
Publicidade
O deputado também é suspeito de usar dinheiro desviado do gabinete para compra de drogas. Jardel teria empregado como funcionária fantasma a mulher de um traficante. "Quase que diariamente ele adquire drogas, telefona ostensivamente para os traficantes. E uma das situações inusitadas é que ele constituiu como servidora fantasma do gabinete dele a esposa, a mulher do traficante. Provavelmente para facilitar o contato e também o pagamento das drogas", declarou o procurador-geral Marcelo Dornelles.
A Justiça conseguiu imagens do traficante no prédio do deputada para entregar drogas que eram pedidas por telefone. Segundo investigadores, a cocaína era escondida dentro de cigarros.
Publicidade
Segundo o MP, o deputado consumia os entorpecentes durante programas com uma prostituta, que também er funcionária fantasma de seu gabinete. No período da investigação, no entanto, ela acabou sendo exonerada.