Por gabriela.mattos
Brasília - Mais uma vez o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi bem sucedido na manobra para atrasar o processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética. Ele conseguiu destituir o relator do processo no conselho, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), adiando a tramitação do pedido de cassação.
Irritados com o comportamento de Cunha, integrantes do comando do Conselho de Ética elaboraram projeto que pede o afastamento cautelar do presidente da Câmar, enquanto o processo contra sua cassação tramitar na Casa. A proposta será apresentada no conselho na reunião desta quinta.
Conselho de Ética adia novamente sessão sobre processo de Eduardo CunhaMarcelo Camargo / ABR

O presidente do Conselho de Ética, José Eduardo Araújo (PSD-BA), afirmou que, se preciso, vai até o Papa para tentar afastar Cunha. “Está difícil trabalhar nessa casa. Se precisar vamos recorrer ao Supremo para mostrar isso. Se precisar, vou recorrer ao Papa”, afirmou Araújo. Ele indicou o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) como novo relator do processo contra o presidente da Câmara.

Diante das ameaças de ser afastado do cargo de presidente da Câmara, Cunha protocolou um documento no Supremo Tribunal Federal (STF) se defendendo das acusações de que está usando seu cargo para atrapalhar o processo de sua cassação no Conselho de Ética.

Na petição, endereçada ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava Jato, a defesa de Cunha diz que ele está apenas exigindo que seja respeitado o devido processo legal no conselho e diz que as reclamações sobre suas manobras se devem a “divergências exclusivamente políticas”.

Para destituir Pinato da relatoria, Cunha usou o vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA). Tanto Cunha como Waldir Maranhão são investigados na Lava Jato. O fundamento jurídico é que Pinato fez parte do mesmo bloco partidário de Cunha, por isso estaria impedido de analisar o processo contra o presidente da Câmara.

Com a decisão de escolher um novo relator, o trâmite terá que cumprir novos prazos e Cunha consegue adiar por semanas a votação do processo de sua cassação.

Novo líder do PMDB é da ala anti-Dilma

Com de Eduardo Cunha e da ala do partido que defende o impeachment de Dilma Rousseff, o deputado Leonardo Quintão (MG) assumiu a liderança do PMDB na Câmara. Ele obteve o apoio de 35 do total de 66 deputados federais para tirar Leonardo Picciani do cargo.

Relator do novo Código de Mineração, Leonardo Quintão teve parte de sua campanha financiada por empresas dos setores de metalurgia e mineração. Quintão disse que vai trabalhar pela unidade da bancada.

“Eu não tenho posição para lado ‘a’ ou lado ‘b’. Eu irei tomar a decisão na tribuna da Câmara mediante a decisão da maioria do partido”, afirmou Quintão.

Picciani afirmou que não ficou surpreso com o apoio de Eduardo Cunha à substituição dele. E que se o partido quiser, ele pode voltar. “Há uma decisão da maioria e que tem que ser respeitada, agora, é uma maioria bastante tênue, é uma maioria exercida apenas por um voto de diferença. Portanto não é uma maioria que me parece neste momento, estável. Portanto, a luta continuará”, afirmou.