Por thiago.antunes
Rio - O Brasil tem nada menos que 35 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral. Da extrema esquerda à extrema direita, não faltam legendas para agradar as mais variadas tendências. Entre todas, duas delas passaram os últimos anos em alternância no poder (PSDB e PT).
Como se sabe,no entanto, é uma sigla em especial que dita os nossos destinos: o PMDB. Como um elefante em uma embarcação, é o maior partido do país que define o ponto de equilíbrio da política nacional. Tem sido assim há anos. Pois bem, agora o elefante está completamente descontrolado, está enfurecido consigo mesmo, faz o barco balançar como nunca. E nós estamos nele.
Os peemedebistas debatem consigo mesmos e tudo o mais está parado no BrasilAgência Brasil

Não é algo ruim que um partido tenha divergências internas. É, na verdade, muito saudável. Só assim, no debate permanente, a legenda pode se manter no caminho definido em seu estatuto. O problema é quando os grupos dentro de um mesmo partido têm visões completamente opostas para os caminhos do nação. E pior: querem destruir um ao outro. Isso acontece exatamente agora dentro do PMDB, com Eduardo Cunha, Michel Temer, Renan Calheiros e Leonardo Picciani quebrando o pau sem a menor cerimônia.

Também a disputa de poder não seria nada do outro mundo. É plenamente justificável que uma legenda tente influenciar o Executivo a colocar em prática suas ideias, seus projetos. É essa a base da vida parlamentar, o Congresso é feito para disputas assim, um jogo de estratégia, de alianças duradouras e apoios momentâneos. A objeção é que o atual embate é feito sem levar em conta o momento delicado que o Brasil atravessa. E isso faz toda diferença.

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Assuntos como a crise econômica, o desastre ambiental de Mariana ou o avanço da microcefalia parecem não ter importância. Para os parlamentares envolvidos na contenda, é como se o Brasil aqui fora não existisse. Os peemedebistas debatem consigo mesmo e tudo o mais está parado. É preciso que, ao fim do recesso que virá, os deputados e senadores dispensem mais atenção aos brasileiros comuns e suas dificuldades. Que um país inteiro esteja parado, em compasso de espera por conta de apenas um partido, é revelador. Apesar das 35 legendas registradas, o que vivemos realmente é algo inédito em uma democracia: um regime unipartidário.