Por bferreira
Rio - A sequência de escândalos de corrupção iniciada anos atrás persistiu e se manteve forte até este início de 2016. Como estamos em ano eleitoral, é possível prever que o desencanto com a política, agravado pela saraivada de denúncias, faça com que o índice de votos nulos nas próximas eleições seja ainda maior que os quase 30% de 2014. É mais importante que nunca, então, recordar ao eleitor que, mesmo não querendo, quem anula seu voto também influencia o resultado da votação. Mas não do jeito que imaginava. Apenas faz com que o número de votos necessários para um candidato se eleger seja menor. Ou seja, facilita a vida dos políticos que tanto critica.
Não há dúvida de que os últimos tempos foram de total decepção. Mesmo quem já reclamava da corrupção na política brasileira não imaginava que o problema fosse tão profundo. A receita é aquela, já conhecida: empresas despejam dinheiro nas campanhas e, depois que os candidatos são eleitos, cobram favorecimento nas licitações e outras decisões de governo. Pela primeira vez, graças à Operação Lava Jato, foi possível saber a extensão do prejuízo que essa tramoia causa ao país. Somente um dos envolvidos, Pedro Barusco, ex-diretor da Petrobras, assinou acordo para devolver R$ 140 milhões ao Erário.
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Se somarmos a essas revelações o fato de que a farra aconteceu sob administrações do PT, que teve grandes votações nos últimos anos justamente por sua autoproclamada conduta transparente e suas duras críticas aos corruptos, temos a receita perfeita para a desilusão política.
Nessas eleições municipais, a saída para quem está insatisfeito com os vereadores ou com o prefeito de sua cidade não é anular o voto. O melhor é escolher algum candidato. Mesmo que não encontre bons postulantes, votar no menos ruim já é uma forma de influenciar a eleição. Pesquisar sobre o desempenho dos que estão no atual mandato é algo básico nessa tarefa. E olhar também com atenção às ideias e às propostas dos candidatos que nunca concorreram. Esse pode ser um bom caminho para a renovação.
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Tenha certeza: o voto nulo não resulta em nenhum prejuízo para os políticos corruptos ou sem ética. O único resultado é que o eleitor transfere para outros o direito de escolher os donos dos próximos mandatos.
POR TRÁS DA TRIBUNA
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Vem de um longínquo diplomata prussiano a melhor definição para o que se deve esperar da política. Atuante no século 19, Otto von Bismarck aprendeu que não se deve esperar perfeição daqueles que cumprem mandato (como de resto não se deve querer que ninguém seja perfeito).
Numa atividade em que se busca o consenso entre correntes tão diferentes, qualquer avanço deve ser comemorado.
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Seguindo esse raciocínio, ele cunhou uma das frases mais verdadeiras da história da Humanidade: “A política é a arte do possível.” Um enunciado bastante útil para quem pensa em votar nulo.