Greve de aeroviários cancela e atrasa voos em todo o país
Categoria reivindica 11% de reajuste salarial. Sindicato Nacional das Empresas Aéreas informou que apresentou seis propostas aos trabalhadores, mas todas foram recusadas
Por rafael.souza
Rio - Aeroviários e aeronautas protestaram, entre 6h e 8h, nesta quarta-feira em todo o país. Os funcionários pedem reajuste salarial de 11% e aumento do vale-refeição. Pelo menos 50 mil trabalhadores aderiram a greve. Por conta da paralisação vários voos foram cancelados ou estão atrasados em todo o Brasil.
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Os passageiros com viagens marcadas para esta quarta devem entrar em contato diretamente com as companhias contratadas para checar o status do voo, por conta dos atrasos causados pela paralisação das atividades de aeronautas e aeroviários, que aconteceu nesta manhã.
A greve aconteceu em doze aeroportos de dez grandes cidades: Recife, Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Salvador, Curitiba, Rio, Florianópolis, Campinas e Fortaleza.
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Até o momento, ao menos 300 voos foram afetados em todo o país, o que corresponde a aproximadamente 10% do total de pousos e decolagens programadas para esta quarta.
As categorias reivindicam 11% de reajuste dos salários e do vale-alimentação, ainda esse mês, e retroativo à data base, que é 1° de dezembro. As empresas querem conceder o aumento parcelado durante 2016.
O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), que representa as companhias TAM, Gol, Azul e Avianca, informou que apresentou seis propostas aos trabalhadores, mas todas foram recusadas. A entidade argumenta que nos últimos dez anos as companhias aéreas promoveram o reajuste dos salários pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), com índices acima da inflação, além de ganhos nas cláusulas sociais. A entidade diz que segue aberta às negociações para evitar transtornos aos passageiros.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vai monitorar os impactos da paralisação. Segundo a Anac, é dever da empresa informar aos passageiros sobre atrasos e cancelamentos de voo e o motivo, além de oferecer facilidade de comunicação para atrasos superiores a uma hora; alimentação adequada para atrasos superiores a duas horas e acomodação em local adequado, traslado e, quando necessário, serviço de hospedagem, para atrasos superiores a quatro horas.
O Tribunal Superior do Trabalho determinou que 80% dos trabalhadores do setor aéreo mantenham suas atividades a partir de amanhã e durante o período de carnaval. Em caso de descumprimento da ordem, a multa diária será de R$ 100 mil.
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Voos cancelados
No Rio de Janeiro os funcionários protestam nos aeroportos do Galeão, na Ilha do Governador e no Santos Dumont, no Centro da cidade. No Galeão, de acordo com a RIOgaleão, empresa que gere o aeroporto, foram registrados 8 voos atrasados. Não houve cancelamento nos pousos ou decolagens. Já a Infraero informou que no Santos Dumont, até às 8h, apenas dois voos haviam sido cancelados.
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Na capital paulista e no interior, os terminais de Congonhas, Guarulhos e Viracopos tiveram ao menos 13 voos cancelados até as 7h30.
Segundo Infraero, das 19 decolagens programadas entre as 6h e as 7h30 em Congonhas, 12 foram canceladas e quatro estavam atrasadas. Funcionários fazem um protesto no saguão. A GRU-Airport, que administra o aeroporto de Guarulhos, informou em seu último boletim, atualizado às 7h30, que dos 87 voos programados um foi cancelado e duas decolagens e dois pousos sofreram atraso.
No aeroporto de Viracopos, na cidade de Campinas, interior paulista, nenhum avião decolou entre as 6h e as 7h30. Ao menos dez voos estão atrasados. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), as empresas aéreas TAM, Gol e Avianca vão flexibilizar as regras para a remarcação de voos, a fim de não prejudicar os passageiros.
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Ao todo, a Infraero contabilizou 297 movimentações domésticas entre meia noite e 7h, das quais 40 registraram algum tipo de atraso (13,5% do total) e 42 foram canceladas (14,1%). O aeroporto de Recife concentra o maior número de atrasos (10), enquanto o terminal de Congonhas (São Paulo) foi o principal contribuinte para os cancelamentos (12).
Entre os 36 atrasos em voos domésticos verificados entre 6h e 7h, 10 ocorreram no terminal de Recife, sete em Porto Alegre, seis em Fortaleza, quatro em Congonhas, três em Brasília (DF), dois em Curitiba, um em Campinas (SP) e um em Vitória.
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Os dados dizem respeito aos aeroportos da Rede Infraero e dos terminais de Brasília, Campinas e Rio de Janeiro, que foram concedidos à iniciativa privada. As informações dos aeroportos de Guarulhos (SP) e Confins (MG) não fazem parte do balanço da Infraero. Entre os voos internacionais, não foram registrados atrasos ou cancelamentos em nenhum dos aeroportos entre meia-noite e 7h da manhã de hoje.
Segundo a GRU Airport, administradora do aeroporto de Guarulhos, o terminal registrava, até as 7h, um voo cancelado e quatro atrasos. Já a BH Airport, concessionária do terminal de Confins, informa que o aeroporto contabilizava cinco voos atrasados.
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Prejuízos
"Estou nervoso. Não consegui despachar as malas, usar o banheiro, nada. Não consigo remarcar o meu voo", contou o diretor de pós-graduação Rafael Ramos, de 36 anos. Ele tinha voo marcado às 7h25 para Porto Alegre e não conseguiu remarcá-lo. "É um protesto ridículo. Muita gente está sendo prejudicada."
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Já o administrador Fernando Souza, de 50 anos, disse que precisou desmarcar uma reunião importante na empresa que ocorreria às 10 horas, em Porto Alegre. "Ainda não tive nenhuma informação. Desde ontem, o aplicativo nem faz check-in", disse ele, que viajaria no voo das 7h25 da TAM.
A companhia informou, em nota, que fará o reembolso de voos cancelados, bem como poderá remarcá-los caso o passageiro solicite.
O técnico em Eletrônica Daniel Oliveira, de 30 anos, conseguiu remarcar o voo a Curitiba para às 8h30, mas teme que este seja cancelado. "Eu sairia no das 6h40, mas por enquanto tudo bem. Mas, se esse outro não sair, serei prejudicado", disse.
O secretário Adolfo Bertoch, de 53 anos, disse que corre risco de ser punido judicialmente por não comparecer a uma audiência no Fórum Trabalhista do Rio de Janeiro, que estava marcada para às 10 horas. "Iria como testemunha em um processo, mas não vou conseguir chegar", disse ele, que até às 7 horas não tinha conseguido remarcar um voo programado para as 6h30.
No Rio, a greve provocou atraso de praticamente todos os voos domésticos do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, o Galeão, na zona norte do Rio. Dos seis voos programados das 6 horas até as 7h20, quatro estavam atrasados. Um foi um cancelado até as 7h10. Apenas um decolou no horário previsto.
A adesão de aeronautas ao movimento foi mais forte na TAM. Cerca de 50 funcionários, entre pilotos e comissários de bordo, concentraram-se no embarque do Terminal 2. Eles carregavam placas em português e inglês com a frase "Nossa segurança também é a sua".
Já os aeroviários (pessoal de terra), concentraram-se no Terminal 1. De acordo com o sindicato da categoria, a mobilização dos funcionários foi mais intensa nas partes internas do aeroporto, atrasando o carregamento das malas para aeronaves. O objetivo da entidade é que todos os voos programados para esta quarta-feira atrasem com a mobilização desta manhã.
Voos poderão ser remarcados
TAM informou que não cobrará as taxas de remarcação e diferença de tarifas para os passageiros com voos domésticos agendados entre as 6h e as 18h de hoje ou voos internacionais entre as 6h e as 8h. Os clientes podem adiar suas viagens em até 15 dias a partir da data do voo original, mediante disponibilidade. A empresa ofereceu também o reembolso dos bilhetes tanto para voos domésticos quanto internacionais.
A Gol pede que os passageiros entrem em contato com a central de atendimento, pelo telefone 0300 115 2121, para verificar a situação do voo. A companhia ofereceu remarcação das viagens, sem taxas, ou reembolso integral das passagens. “A GOL ressalta que não está medindo esforços para normalizar a situação o quanto antes e vem adotando todas as medidas possíveis para minimizar os impactos aos clientes”, diz a nota.
A Avianca comunicou que os clientes poderão remarcar as viagens com isenção de taxas, mediante disponibilidade de assentos.