Por julia.amin

São Paulo - O dólar encerrou o dia na maior cotação em quase cinco anos ao chegar ao patamar de R$ 2,45, diante de forte movimento especulativo e após investidores interpretarem a ata da última reunião do Federal Reserve como um sinal de que a redução do estímulo nos Estados Unidos está próxima.

O movimento aconteceu mesmo com a forte atuação do Banco Central brasileiro, que fez dois leilões de swap cambial tradicional --equivalentes a venda de dólares no mercado futuro--, anunciou mais um para a próxima sessão e, após o fechamento dos negócios, divulgou que fará um leilão de linha na quinta-feira.

O dólar avançou 2,39% , para R$ 2,4512 na venda, após tocar R$ 2,4523  na máxima do dia. É o maior nível de fechamento desde 9 de dezembro de 2008, quando ficou em 2,473 reais na venda, auge da crise internacional.

"O mercado lá fora piorou devido ao Fed e, como aqui o mercado está estupidamente especulativo, a notícia que era um pouco ruim lá fora fica aqui péssima", afirmou o operador de uma corretora internacional.

A ata da última reunião do Fed mostrou que apenas alguns integrantes do banco central norte-americano acreditam que o momento de reduzir o estímulo monetário no país está próximo, mas fez pouco para dissuadir a expectativa disseminada de que isso deve ocorrer já em setembro.

Investidores mantêm os olhos abertos para quaisquer sinais sobre a eventual redução do ritmo de compra de títulos do Fed, uma vez que, quando ocorrer, reduzirá a oferta de dólares nos mercados globais, catapultando as cotações da divisa dos EUA.

No entanto, o avanço do dólar no Brasil era mais forte do que o observado em relação a outras moedas de países emergentes. Sobre uma cesta de moedas, o dólar tinha alta de 0,5%. "O negócio perde um pouco a lógica, vendo o tamanho da valorização da moeda comparada com outros países", disse o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold.

Segundo ele, a pressão de fortalecimento do dólar vem principalmente do mercado futuro, com o que chamou de um "ataque especulativo" à moeda, e que as condições de liquidez no mercado à vista estão normais. Essa tese é corroborada pelos dados mais recentes do fluxo cambial, que mostraram entrada líquida de US$ 812 milhões na semana passada.

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