Por bferreira

Rio - Quem trabalha no Centro da cidade teve a sua rotina mudada nos últimos 45 dias, com as manifestações populares. O que era raro virou diário e a vida de quem quer exercer o direito constitucional de ir e vir livremente foi transformado em um inferno. Você sabe que a que horas sai do trabalho, mas não imagina quanto tempo vai levar para volta para casa.

Há protestos para todos os lados, em prol de todas as causas. Com algumas, eu faço coro (como a dos professores), com outras nem tanto. Obviamente, há que se defender o democrático direito de livre manifestação, mesmo que no meio de grupos pacíficos existam radicais que deixam rastro de vandalismo por onde passam.

Mais do que destruição do patrimônio público — a Prefeitura do Rio estima que a troca das lixeiras, placas de ruas e pontos de ônibus já consumiu mais de R$ 1,5 milhão — a patota dos descontrolados espalha o medo e paralisa uma parte da economia da cidade. Muitos cidadãos informados das passeatas mudam hábitos, não saem de casa e tentam alterar a rotina para não ficar reféns das confusões.

Estimativa da Associação Comercial aponta um prejuízo de R$ 130 milhões por cada dia de protesto no Rio. Essa cifra representa o que se deixou de vender e, por extensão, o número é maior, porque uma parte disso o Fisco deixará de arrecadar e a população ficará privada desses recursos tributários.

O povo brasileiro lutou e sofreu pela redemocratização, ainda que a liberdade abra espaço para exageros de policiais e protestos banalizados. A imprensa tradicional, mesmo atacada e combatida por alguns, noticia atos anárquicos, cumprindo o seu papel.

Estranha essa democracia. A liberdade de expressão garante propagação do medo e “ordem e progresso” da bandeira parece, momentaneamente, bagunça e prejuízo.

Professor de Finanças do Ibmec

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