Rio - Foi um longo fim de semana para 78 jovens que participaram de uma maratona de programação promovida pela Prefeitura do Rio. No fim das contas, 28 horas direto, à base de milhares de linhas de códigos e muito Red Bull. Divididos em 25 equipes, todos criaram aplicativos para facilitar a vida do carioca na interação com a Central de Atendimento 1746, que concentra queixas, alertas ou solicitações de serviços à prefeitura. Alguns dormiram nos veteranos sofás do Palácio da Cidade, onde aconteceu a competição, outros se viraram com colchonetes — mas ninguém arredou o pé.
Promover competições do tipo é interessante porque você consegue soluções diversas gastando muito menos do que se contratasse desenvolvedores mais experientes. E o que se viu no Hackathon 1746, aliás, foi que a galerinha já tem experiência de sobra com os códigos. Falta para a maioria, no entanto, a intimidade com o marketing, que é um componente mais do que necessário.

Os competidores tinham que criar aplicativos que ajudassem a cadastrar no 1746 as queixas sobre estacionamento irregular, poda de árvores, iluminação pública ou manutenção das ruas. Ligados nas tendências, claro, quase todos os desenvolvedores trataram de recorrer aos mapas do Google e suas ferramentas de geolocalização. Também não faltou a interação com as redes sociais (leia-se Facebook, basicamente).
Mas me chamou a atenção um grupo em especial. No meu modesto entendimento, a equipe Smart Innovation foi além. Propôs um sistema capaz de cruzar dados sobre a cidade, usando as informações de vários órgãos públicos como fonte. Assim, é possível fazer correlações, por exemplo, entre a falta de luz e o número de assaltos em determinada região.
Ou aumento do comércio e a frequência de estacionamento irregular numa mesma área. Ótima sacada. Esses cruzamentos permitem insights positivos e políticas de resolução de problemas que afetam diferentes órgãos ao mesmo tempo.
Além disso, a solução Smart Innovation é um bom caminho para a transparência. Afinal, cada órgão teria que liberar seus bancos de dados. Mas é justamente aí que está o busílis. O poder público não costuma ser tão transparente assim. Suas informações costumam ser trancadas a sete chaves. É um velho hábito, que merece ser aposentado o quanto antes.