Por joyce.caetano
São Paulo - A prospecção de petróleo ainda nem começou, mas os ventos do mar já trazem boas notícias para a economia da Baixada Santista, no litoral paulista. Com um crescimento populacional de 4,3% – acima da média nacional de 3,6% entre 2012 e 2013–, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, a região tem chamado a atenção de construtoras e varejistas ansiosas para atender a nova população local.
Em outubro deste ano, a geração de empregos, conforme mostram dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foi mais de dez vezes maior que no ano passado. Foram 702 vagas geradas, ao passo que em 2012 foram apenas 42.
São VicenteDivulgação

Esse movimento, no entanto, não aconteceu todo de uma vez. O Produto Interno Bruto dos Municípios (PIB), divulgado pelo IBGE na última terça-feira (17), já aponta um crescimento bem acima da média em 2011. Enquanto o Brasil marcou um aumento de pouco mais de 10% no PIB entre 2010 e 2011, Mongaguá cresceu nada menos que 40%, impulsionada essencialmente pelo turismo da região.

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De todo esse avanço, o setor de serviços evoluiu 60%, dando indicações claras do peso da sazonalidade sobre a cidade. Segundo Francisco Garreto, diretor do departamento de turismo da prefeitura de Mongaguá, há mais de dez anos o município aposta pesado nos visitantes. "Estivemos em mais 70 feiras de turismo nesses anos. Esse resultado é fruto de um investimento específico desde 2001", diz. A reboque dessa fluxo de turistas, o comércio e a construção civil também saíram ganhando. "Hoje já temos Cacau Show, Hering, Kallan, entre outras marcas que ainda não tinham loja por aqui", diz.
Com menor efeito da sazonalidade, cidades como Itanhaém e Praia Grande ultrapassaram os 25% de crescimento econômico. Peruíbe, São Vicente, Santos e Bertioga também não fizeram feio, com crescimento de mais de 13%. Guarujá e Cubatão, no entanto, encolheram respectivamente 0,35% e 10,4% em 2011.
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Crescimento: de dentro para fora
Com tanta gente a mais nas cidades, o mercado imobiliário sai no lucro. Rafael Garcia de Queiroz, sócio da Construtora JR, tem nove empreendimentos em construção na região – são oito condomínios na Praia Grande e mais um em Santos. A preferência pela Praia Grande tem a ver com o preço do terreno que ainda não sofreu com a especulação imobiliária que já atinge Santos e São Vicente. “O preço do metro quadrado chega a ser 40% menor que o de Santos”, diz. Um cliente que compra um imóvel em Santos precisa de, em média, um salário de R$ 20 mil, ao passo que com um salário de R$ 10 mil já é possível dar um partir para a casa própria na Praia Grande.
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Queiroz entende que a busca por melhor qualidade de vida tem motivado a migração de paulistas para o litoral – em especial aqueles vindos da capital e do ABC Paulista. “Esses são 90% dos nossos clientes”, diz. Geralmente, o imóvel tem por primeira função hospedar a família no veraneio, mas logo vira morada oficial de parte do grupo. No caso dos santistas, a fuga é por um estilo de vida mais saudável e mais barato. “O colégio é mais barato, o condomínio também”, diz. “Esses clientes que compram imóveis na Praia Grande, por exemplo, geralmente não trabalham lá.”
Essa migração de moradores com atividade profissional em cidades com economia mais pujante – como é o caso de São Paulo, Santos e o ABC –, está provocando um aumento gradual no poder aquisitivo da população local. Não só porque os novos moradores puxam a média para cima, mas principalmente porque as novas demandas desses cidadãos resultam em um crescimento espontâneo no número de empresas e serviços oferecidos na região.
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Comércio e varejo
Exatamente por isso que José Augusto Soares, presidente da Associação Comercial Empresarial da Praia Grande, só vê motivos para comemorar. “Estamos em um momento de transição da economia da Praia Grande”, diz. São 320 mil habitantes na cidade, que já encosta em Santos nesse quesito, com 400 mil habitantes.
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Redes como Renner, Roldão, Kalunga e Decatlhon já fincam suas raízes na região, para aproveitar esse crescimento de população e de poder aquisitivo entre os moradores. “Os comerciantes precisam estar muito atentos a isso para não perder a oportunidade de crescer”, diz. Um dos símbolos da região, a Avenida Marechal Mallet, que era uma rua residencial, virou uma rua com vocação para bares e serviços. Soares acredita que esse tipo de crescimento deverá durar mais dois ou três anos para começar a dar sinais de esgotamento das oportunidades.