Por thiago.antunes
Rio - O brasileiro pagou mais caro por alimentos, bebidas, combustíveis e passagens aéreas em 2013. Os vilões de inflação acumulada do ano passado foram os preços dos alimentos que subiram 8,48%. E não foi o tomate a “vedete” dos 12 últimos meses como chegou-se a imaginar e, sim, o chá que teve a maior alta de 53,33%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,91%, segundo o IBGE.

Farinha de trigo com 30,16%, a de mandioca (25,19%), batata inglesa (24,79%) e o feijão-preto (1,51%) ficaram no topo do ranking dos dez itens com maior alta e estão na lista negra do consumidor. Economista e consultor de finanças pessoais, Marcelo Maron prevê que o cenário econômico para este ano não será diferente, pois considera que a inflação continuará em alta. Para o consumidor sofrer menos, ele orienta pesquisa de preços e muita pechincha.

A técnica de enfermagem Sônia de Souza fez compras ontem e disse tem notado uma alta nos preços de legumes e verduras no mercadoJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

“A pessoa tem que se negar a comprar produto com valores abusivos. Foi assim que o tomate acabou caindo de preço no início do ano passado”, relata. Para Maron, é preciso identificar o que são despesas necessárias e as supérfluas. “É necessário conduzir a administração caseira como se fosse uma empresa. Por exemplo, ver se dá para revisar o contrato do pacote da assinatura de TV a cabo para um plano mais simples. Ou ainda um pacote de telefonia celular mais modesto. Principalmente, tentar economizar comendo menos fora de casa”, ensina.

A técnica de enfermagem Sônia de Souza, de 58 anos, disse que notou alta nos preços de legumes e verduras. “Percebo que os preços de modo geral estão subindo. O jeito é pesquisar muito, mas o problema é que não temos muito tempo para isso”, reclama Sônia.
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O fechamento em 5,91% do IPCA, em 2013, além de ficar acima do centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%, terminou o ano com inflação oficial mais elevada que a de 2012, que bateu em 5,84%. Em dezembro o IPCA ficou em 0,92% — acima da taxa registrada em novembro (0,54%) e o maior IPCA mensal desde abril de 2003, quando cresceu 0,97% em um mês. Em dezembro de 2012, o índice ficou em 0,79%.
Postos repassaram alta da gasolina
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O reajuste da gasolina nas refinarias da Petrobras foi integralmente repassado para o consumidor, segundo dados do IPCA divulgados pelo IBGE. O aumento nos postos foi de 4,04% em dezembro. Tanto a gasolina como o álcool já haviam registrado alta em novembro de 0,63% e 0,94%. Outro foco de aumento do grupo transporte, na inflação de dezembro, veio das passagens aéreas, que subiram 20,13% com alta temporada e as festas de fim de ano.
O item, ao lado da gasolina, são os de maior peso no IPCA do último mês de 2013. O combustível teve um peso de 0,15 ponto percentual e as tarifas aéreas, de 0,12 ponto percentual. Somados os dois (0,27 ponto), chega-se a pouco menos de um terço do índice fechado de dezembro (0,92%).
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Ministro da Fazenda diz que inflação está sob controle
O ministro interino da Fazenda, Dyogo Henrique, disse nesta sexta-feira que o IPCA, de 5,91% no acumulado de 2013, não surpreendeu o governo. “Já esperávamos que dezembro tivesse um índice um pouco mais alto por causa do aumento do preço da gasolina e também porque é um período de férias, quando as passagens aéreas tiveram uma contribuição para que o índice viesse um pouco mais alto em dezembro”, destacou. Para ele, o importante é que o índice está dentro da meta e a inflação sob controle.
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Já para o economista-chefe do Núcleo de Estudos e Projeções Econômicas da Gouvêa de Souza, Ricardo Meirelles, a inflação de 2013 terminando mais alta do que a de 2012 tem um efeito simbólico negativo. “Isso interfere negativamente na confiança no Brasil no exterior. O cenário de bonança dos emergentes acabou. A manutenção da inflação e a desvalorização cambial do real são os fatores que mais preocupam neste ano de 2014”, avalia.
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