Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Guardado na memória afetiva de pelo menos duas gerações de cariocas, o tradicional cachorro-quente com apenas pão, salsicha e o molho de mostarda da Geneal completou 50 anos. O sanduíche foi criado na década de 1960 pelo empreendedor Aloísio Neiva, que queria levar lanches a pontos de grande fluxo da cidade, como festivais de música, no estádio do Maracanã e pelas praias da Zona Sul.

Logo depois a empresa passou a usar romisetas, uns carrinhos minúsculos que puxavam a carrocinha da marca. A simplicidade do lanche conquistou legiões de fãs, que se seguiu na década seguinte. Além do tradicional cachorro-quente também vendia-se dois lanches conhecidos como Tico e Teco, pão de forma com pasta de presunto e de ovo, e “Laranjinha e Uvinha” — sucos das frutas em garrafinhas de plástico.

No Maracanã%2C o cachorro-quente Geneal e o mate Espumadinho eram sagrados entre os torcedoresReprodução Internet

Já nos anos 1980, o sanduíche também fez sucesso entre a juventude que frequentava o Circo Voador. Então, a marca é comprada pela cervejaria Brahma, mas, infelizmente, tempos depois sai de circulação.

Já na década de 1990 foi vendida para os postos Val,que usam o nome Geneal em suas lojas de conveniência. Porém, com a venda para a Repsol, mais uma vez a marca sai de circulação. Já em 1999, um funcionário dos postos Val, Dimas Corrêa Filho, comprou a empresa para trazê-la de volta a seu lugar natural, como lanche do carioca.
Antecessor do drive-thru%3A na década de 1960%2C no Arpoador%2C o fusca parava ao lado da carrocinha e era servido diretamente pelo vendedorReprodução Internet

PROGRESSO

Menezes Cortes

?Ao retornar no início dos anos 2000, o primeiro ponto de venda se instalou no Terminal Garagem Menezes Cortes, no Centro da cidade. Posteriormente, a carrocinha fixa deu lugar ao primeiro quiosque.

?Pontos de venda

?Este modelo de negócio foi o pontapé inicial para a formatação do projeto de franquias, presente hoje em shoppings e estações do metrô.

Produtos

Hoje, os quiosques têm mini cachorro-quente, sanduíche com duas salsichas, pizza, esfirra e croissant.

Dimas e a filha Luciana estão há 13 anos à frente da marca cariocaDivulgação

QUIOSQUES SÃO OS NOVOS PONTOS

?Passados 50 anos, a marca Geneal se renova e conquista novos adeptos, agora os frequentadores de shoppings, onde se encontra a maioria das lojas da rede. Diretora-geral e de marketing, Luciana Palhares, 25 anos, divide com o pai, Dimas Corrêa Filho, a operação da empresa. Ela investe em novos produtos e leva o produto a outros locais, além das praias da cidade.

“No início dos anos 2000, meu pai, que era surfista e frequentador do Maracanã, viu a oportunidade de voltar com a marca, muito querida pelos cariocas. Nestes 13 anos, tivemos que remontar a linha de produção e investimos em lojas próprias e na expansão, por meio de franquias”, conta Luciana.

Hoje, o cachorro-quente está nos principais shoppings da cidade, além de ter retornado ao Maracanã. A marca também pode ser encontrada em eventos como o Fashion Rio e Rock in Rio, além de festas corporativas, em casamentos ou de 15 anos em estações do metrô. “Nestes locais, estamos presentes com a tradicional carrocinha e um funcionário uniformizado”, explica a executiva.

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Franqueado do quiosque na Galeria São Luiz, que pertence a sua família, André Severiano Ribeiro, 51 anos, fez questão de levar a marca ao centro comercial. Um dos principais motivos para o interesse de André em ter uma loja no local é a forte relação afetiva que o empresário tem com o produto.
“Desde criança consumo o cachorro-quente da Geneal e lembra claramente a minha infância”, afirma.
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Assim como ativa a sua memória, André afirma que muitos clientes se sentem da mesma forma. “As pessoas frequentam o quiosque influenciados pela lembrança que elas têm do tempo que as carrocinhas da Geneal vendiam o lanche nas praias e no Maracanã”. Ao falar do gosto, ele afirma que a opinião é sempre a mesma: “o sabor continua o mesmo.”
?RELAÇÃO COM A INFÂNCIA

Na última quinta-feira, a atriz Daniele Marcos, 39 anos, estava com a família no quiosque da Geneal na Galeria São Luiz, no Largo do Machado. Ela contou que consome o cachorro-quente desde criança e que ensinou o filho Daniel Brettas, 6 anos, a saborear o lanche.

O marido Marcelo Brettas afirmou que a esposa, o fez ter o hábito de comer no Geneal. “A marca tem muita relação com a minha infância. Era de lei: praia o dia todo com a família e para matar a fome todos comiam o lanche”, disse Daniele.

Ela ressalta, ainda, que ficou muito feliz quando a marca voltou. “Senti muita falta do Geneal na época que ele sumiu”. Outro ponto que influencia a escolha da família é o preço justo do produto (R$ 5,50), segundo a atriz.

Com o filho e o marido%2C Daniele aprovou o retorno da marca Carlo Wrede / Agência O Dia


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