Por tamyres.matos
São Paulo - O presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Enrico Fermi, anda revoltado com a discussão iniciada entre governo e o setor hoteleiro a respeito de potenciais abusos nos valores de tarifas que serão cobradas na Copa do Mundo. “Não devo satisfação a governo nenhum", afirmou Fermi.
O representante rebateu as críticas que começam a surgir com a divulgação das diárias fixadas para a hospedagem nas cidades que sediarão jogos do Mundial. Segundo levantamento do site de comparação de preços de hotéis Trivago, a diária média para casal cobrada hoje no Rio, é de R$ 430. Para a Copa, chega a R$ 1.142 — diferença de 165,5%.
Polêmica nas tarifas dos hotéis%3A no último dia 16%2C a ABIH do Rio se reuniu com a Senacon para discutir a política de preços para o MundialCarlos Moraes / Agência O Dia

Nem no Carnaval o preço médio da diária de hotel na cidade é tão alto. De acordo com o Trivago, nessa época o valor médio é de R$ 865 por dia de hospedagem. Fermi se defende da discussão ao dizer que 840 hotéis firmaram, em 2007, parceria com a agência de viagens da Fifa, a Match, para comercializar pacotes para o evento. “A Fifa não faria a parceria se as tarifas não estivessem de acordo”, argumenta.

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Segundo o executivo, a parceria com a Match prevê que a política de preço é definida com cada rede hoteleira. Não há teto, e os parceiros não podem cobrar hospedagem mais barata que a Match. Sobre como tratar os hotéis que ficaram fora do acordo, Fermi diz que não há preocupação com abusos. “O governo pode até fiscalizar. Mas é necessário entender o livre comércio”. Ele ressalta que não há acordo entre o setor e o governo.
No último dia 16, a ABIH do Rio se reuniu com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), submetida ao Ministério da Justiça, para discutir a política tarifária para o evento. O objetivo é evitar cobranças abusivas nos valores das diárias.
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O encontro, acompanhado por representantes da Casa Civil, Procon-RJ e o Procon Carioca, acontecerá em todas as cidades-sede da Copa. A reunião já foi feita em Natal e no Recife. Segundo a secretária Nacional do Consumidor, Juliana Pereira, as associações das três cidades se comprometeram a dar transparência às tarifas, permitindo que o consumidor compare as taxas praticadas durante a Copa com períodos de maior demanda.
Segundo Juliana Pereira%2C tarifas de hotéis devem ter transparência Divulgação

Ação é para prevenir

A secretária Nacional do Consumidor, Juliana Pereira, explica que a ação é preventiva, e baseada na boa fé dos empresários. Segundo ela, não houve imposição. “Algumas pesquisas de preços saíram e decidimos conversar com o setor”, disse.

Se o que foi acertado não for cumprido, diz Juliana, a Senacon pode agir aplicando multas por abuso de preços com base no Código de Defesa do Consumidor. A vice-presidente da ABIH-RJ, Sonia Chami, concorda que os hotéis devem dar transparência às tarifas para a Copa. “Caso sejam identificados preços abusivos, a Senacon e os Procons terão os dados para esclarecer quem está prejudicando o consumidor”, aponta.

Os argumentos dos representantes do setor mostram realidade diferente da apontada por levantamento feito pelo site Trivago para o iG. Os dados mostram que a variação do preço de hospedagem chega a 56,78% entre o período do Carnaval e da Copa.
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A maior variação é encontrada em São Paulo. Na capital paulista, a média de hospedagem durante o Carnaval é de R$ 228. Durante a Copa a diária média, segundo o Trivago, é de R$ 620. O comportamento é parecido em Porto Alegre e Belo Horizonte. Em Salvador e Rio, cidades com carnavais tradicionais, na Copa os preços ficam, em média, de 17% a 24% acima do feriado popular, respectivamente.
Reportagem: Marília Almeida