Rio - Apesar da polêmica sobre a arrecadação de contribuições pela internet para o pagamento das multas dos condenados no processo do mensalão, a cada dia surgem novas modalidades de “vaquinhas” para outros fins. Esses investimentos, feitos principalmente por meio da internet, têm ajudado pessoas doentes, animais abandonados e recém-casados que desejam construir suas casas, entre outras solicitações.
Um dos casos mais conhecidos de ‘crowdfunding’, nome original em inglês para essas iniciativas, foi publicado no site Vakinha. O webdesigner Cristiano Santos, carioca de 41 anos, recorreu ao portal com o objetivo de comprar um computador para o filho portador da Síndrome de Asperger.
O pai do Nicolas, na época com nove anos, divulgou a campanha e oito horas depois foi surpreendido com doações de diversos usuários, totalizando R$ 1,8 mil.
“Não esperava ser o recordista ao concluir uma campanha em menos tempo do site, fiquei muito surpreso e feliz com o investimento das pessoas”, diz Cristiano.
Hoje, com 13 anos, Nicolas registra um progresso significativo e já se comunica mais com as outras crianças. “O computador foi fundamental para o meu filho adquirir conhecimento e ter assunto para conversar com os coleguinhas”, afirma o webdesigner.
Além desse caso, um dos sócios do site Vakinha, Fabrício Milesi, 33 anos, destaca a arrecadação de R$ 40 mil para os familiares das vítimas do incêndio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul. “As pessoas enxergam, nessas ‘vaquinhas’, uma forma de ajudar rapidamente, mesmo de longe e com pouco dinheiro”, disse.
Outro site que apoia as colaborações coletivas é o Catarse. Foi por meio dele que a moradora de São Paulo, Lara da Silva Machado, conseguiu recursos para concretizar um brechó ecosolidário, em Salvador (BA). A campanha conquistou R$8 mil para o evento de trocas de bens usados por meio da moeda social Grão, com foco na conscientização sobre os efeitos do consumismo e a transformação do comportamento das pessoas. “Sem dúvida o Catarse foi fundamental para arrecadar os recursos necessários. Sem o ‘crowfunding’, acredito que não conseguiríamos fazer o evento”, afirma Lara.
Os portais como Kickante, Impulso, Benfeitoria, Queremos!, Mobilize, também fortalecem o financiamento coletivo no país. Mas o diretor da empresa de tecnologia Storm Security, Wanderley Abreu, alerta que é necessário tomar cuidado. “Infelizmente os portais ainda não são regulados de forma correta. Alguns nem monitoram se o dinheiro está sendo aplicado mesmo no que é proposto nas campanhas”.
O especialista também afirma que é importante sempre conhecer bem os sites e lembrar que as mesmas regras para compras online valem ao contribuir com cartões de crédito.
Mesmo que essa prática ainda seja recente no país, a resposta dos brasileiros tem sido satisfatória, segundo especialistas. O profissional de inovação, Antonio Ventura, acredita que essas ações refletem o futuro do Brasil e do mundo. “Quanto mais você dá, mais você recebe. É isso que as pessoas estão percebendo e eu acredito que é por isso que estamos caminhando nesse sentido”.
Queremos consolidar cada vez mais a ‘vaquinha’ no Brasil
A ideia para o site Vakinha surgiu em 2006 durante o casamento de um dos sócios da empresa, como uma forma de arrecadar dinheiro, via internet, em substituição aos presentes do matrimônio.
Um ano depois, os cinco integrantes imaginaram uma ferramenta que atendesse a diversas demandas, até a plataforma ser lançada em 2009.
Agora, o projeto da empresa é se consolidar cada vez mais como a ferramenta de contribuição coletiva no Brasil e expandir por meio de parcerias com e-commerce.
“Se é possível parcelar em várias vezes, porque não parcelar entre amigos?”, brincou Fabrício Milesi, um dos sócios da empresa.
Uma das características marcantes do portal é a possibilidade de contribuir com uma quantia pequena, até mesmo R$ 1. Além disso, os projetos chamam atenção pela simplicidade, por exemplo, os pais podem fazer uma “vaquinha” para comprar o material escolar dos filhos. Para doar, é só se cadastrar no site www.vakinha.com.br.
Cuidados ao doar
O especialista em informação, Wanderley Abreu Junior, alerta como doar de forma segura:
1. Ver se o certificado HTTPS do site é valido. Normalmente aparece um cadeado embaixo da tela ou no caso do navegador Chrome, por exemplo, a barra de endereço vai ficar verde em caso de um certificado válido.
2. Ao usar cartão de crédito, tomar os seguintes cuidados: não comprar em computadores públicos, como em lan houses, trabalho ou outros locais de acesso generalizado.
3. Não usar redes públicas, como wi-fi de shoppings, ruas, praias e restaurantes.
4. Sempre atentar para vírus e outras ameaças, usando antivírus e navegando em sites seguros.
5. Nunca dar senhas para estranhos, como também não as deixar salvas em computadores compartilhado com alguém.