Rio - Com baixo investimento e grandes possibilidades de lucro, o artesanato cada vez mais deixa de complementar o orçamento e passa a ser a principal fonte de renda das famílias. A proximidade da Copa do Mundo, por sua vez, traz novas oportunidades de ganhos, o que torna a capacitação ainda mais necessária. Em meio a este cenário, acontece entre os dias 19 e 23 deste mês a oitava edição da Rio Artes Manuais, que reúne fornecedores de materiais para ensinar novas técnicas e apresentar seus lançamentos, inspirados no Mundial.
No Brasil, essa atividade movimenta cerca de R$ 30 bilhões por ano, o correspondente a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. A subsecretária estadual de Comércio e Serviços (Sedeis), Dulce Ângela Procópio, explica que o artesanato hoje representa um setor importante também para a economia do Estado do Rio.
“Cada vez mais, temos essa atividade reconhecida como um fator para o desenvolvimento econômico do estado. Além disso, gera um grande número de empregos e tem se tornado a principal fonte de renda de famílias inteiras”, avalia Dulce.
A designer de moda Rebeca Farias é um exemplo de artesã que optou por ter o próprio negócio e não se arrependeu. Após concluir a faculdade, ela começou a fazer sabonetes por hobby. Com lucros cada vez maiores, Rebeca se aprimorou e hoje produz também cremes e sais de banho.
“O investimento é relativamente pequeno, por isso consigo obter até 400% de lucro. Em dezembro, em função das festas, consegui um rendimento de R$ 13 mil. Normalmente, sem encomendas, consigo tirar cerca de R$ 4 mil por mês”, conta a empreendedora.
Já as irmãs Ilma e Adriana Muzy perceberam que a atividade oferecia, além de retorno financeiro, a possibilidade de independência profissional. Depois que Adriana ficou grávida, elas começaram a fazer bonecas de pano para vender e logo abandonaram os empregos para se dedicar ao negócio.
“Conseguimos uma renda boa e temos flexibilidade. Nosso projeto para este ano é abrir nossa própria loja. Já somos legalizadas como pequenas empresárias, o que é um começo”, diz Ilma.
Empresas criam novidades para o Mundial
De olho nas possibilidades de lucro com a Copa do Mundo, Rebeca Farias vai criar uma linha de produtos temáticos. “Quero fazer sabonetes em barra no formato da bandeira do Brasil e com o desenho do calçadão de Copacabana”, conta.
Ilma e Adriana Muzy também estão desenvolvendo novos bonecos, com as cores verde e amarela. “Pretendemos inserir o tema do futebol também nos blocos e cadernos que fazemos”, explicou Adriana. Para a subsecretária Dulce Procópio, o segmento do artesanato tende a crescer significativamente com a competição, em função do turismo.
Por isso, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico já planeja uma série de ações para estimular esse tipo de comércio no período dos jogos. Entre as iniciativas estão mostras de artesanato entre os meses de junho e julho. “Queremos que essas feiras façam parte do roteiro turístico da cidade, já que o fluxo de pessoas nessa época do ano será muito grande”, afirma. Segundo a subsecretária, os eventos serão na Casa do Artesanato, na Rua Real Grandeza, em Botafogo.
Para capacitar os artesãos, a Rio Artes Manuais vai oferecer oficinas voltadas para a temática da Copa. Roberto Santos, coordenador da feira, acredita que o momento será favorável para os negócios. “Os cursos são importantes para dar ideias e ensinar novas técnicas”, diz.
Cursos têm 25 mil vagas
A Rio Artes Manuais acontece entre os dias 19 e 23 de março, no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova. Com 50 expositores — 40% a mais do que em 2013 — a feira tem expectativa de público de 30 mil pessoas ao longo de cinco dias. Serão oferecidas 25 mil vagas gratuitas em cursos de técnicas como biscuit, pintura em tecido, bordado, customização, decupagem, crochê, macramê, entre tantos outros.
O Sebrae/RJ estará presente no evento. Representantes da instituição darão palestras e esclarecerão dúvidas dos artesãos sobre formalização e capacitações para microempreendedores individuais.
A entrada custa R$ 12. Estudantes e pessoas acima de 60 anos pagam metade do preço. Os ingressos já estão à venda em todas as lojas da Caçula e também por meio do site www.ingressomais.com.br.
Na Praça do Artesão, um dos espaços do evento, 22 empreendedores vão expor e vender seus produtos. Os participantes foram selecionados previamente pela organização da feira, tendo como critérios a qualidade e originalidade dos produtos, além de terem se tornado microempreendedores individuais (MEI).