Por camila.borges

Rio - Cerca de 30 funcionários do setor administrativo da empresa Alusa, terceirizada que presta serviços para o Comperj, foram feitos reféns, na tarde desta quinta-feira, no canteiro de obras da empresa, em Itaboraí, por operários. Segundo a Polícia Militar, aproximadamente 3.500 operários protestaram e iniciaram uma manifestação por conta de salários atrasados. Eles invadiram o canteiro e incendiaram ônibus e carros.

Os manifestantes chegaram ao local por volta das 11h da manhã, exigindo que seus salários atrasados fossem depositados em suas contas até a meia-noite desta sexta-feira. Revoltados, os operários incendiaram três ônibus e três carros. Outros oito automóveis foram depredados. Eles não permitiram que os funcionários do setor administrativo saíssem do local. Eles só foram liberados por volta das 15h, após negociação com a polícia. Os PMs também precisaram negociar a entrada do Corpo de Bombeiros no canteiro para combater as chamas.

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Manifestantes invadiram o canteiro de obra e incendiaram ônibus e carrosDivulgação

Aproximadamente 3 mil operários continuam no local tentando negociar o pagamento, no final da tarde desta quinta-feira. Homens do 35º BPM (Itaboraí) e também da 71ª DP (Itaboraí), já estão no canteiro e realizam perícia. Os funcionários feitos reféns estão no local, com proteção policial, e registrarão ocorrência na delegacia.

Em nota divulgada no início desta noite, a assessoria do Sindicado dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e Pesada, Montagem e Manutenção Industrial, Olaria, Cerâmica, Mobiliário, Mármore e Granito de São Gonçalo, Itaboraí e Região (SINTICOM), disse que uma nova ata foi assinada nesta quinta-feira alterando a forma dos descontos dos 40 dias de greve dos trabalhadores das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Ainda de acordo com o documento, os dias parados serão descontados da seguinte forma: 1/3 8.3 abonados pelas empresas; 1/3 8.3 serão compensados; 1/3 8.3, se não houver paralisação até 31/01/2015, serão abonados. Na mesma cláusula, o patronato faz uma ressalva, deixando claro que se houver paralisação os dias serão descontados integralmente.

Nova paralisação

Após terem retornado ao trabalho na segunda-feira, trabalhadores da construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, voltaram a paralisar as atividades desde esta quarta-feira, desta vez, dentro do complexo. O motivo seria uma divergência no acordo firmado entre os sindicatos da categoria e dos patrões em relação a cobrança de um terço dos dias parados.

Funcionários do Comperj%2C reunidos após 40 dias de paralisação Divulgação

“A paralisação continua enquanto não tiver o acordo assinado com os patrões. Não aceitamos pagar nenhum dia parado”, informa Miguel Frunzen, um dos líderes da comissão de empregados do Comperj. “A maioria dos operários só vai retornar ao trabalho quando ver o dinheiro do pagamento na conta”diz José Resende, outra liderança.

Confronto

Funcionários no local informaram que houve manifestação no canteiro de obras do consócio CPPR (Odebrecht, Mendes Junior e UTC) que teria terminado em quebra-quebra e confronto com PMs do Batalhão de Choque. Testemunhas relataram que bombas de efeito moral e spray de pimenta foram usados para conter a confusão, que resultou em três pessoas detidas, além manifestantes feridos. Cerca de 80 PMs dos batalhões de Itaboraí, Niterói e São Gonçalo também foram acionados para dar apoio. O funcionário Carlos Eduardo Vantuil, de 27 anos, informou que estava sendo impedido de deixar o complexo: “Estamos aqui desde cedo. Ninguém entra ninguém sai”, afirmou a O DIA.

Procurado, o comandante do 35º BPM (Itaboraí), tenente-coronel, Fernando Salema, negou o confronto e pessoas presas e feridas: “O Choque não foi acionado e também não houve confronto”. O consócio CPPR e a Petrobras não se pronunciaram.

Divergência

O motivo principal da paralisação foi o anúncio de que seriam descontados oito dias do salário em 10 parcelas. Entretanto, à tarde, o Sindicato das Empresas de Engenharia de Montagem Industrial (Sidemon) voltou atrás e desistiu da cobrança na assinatura do acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e Pesada, Montagem e Manutenção da região (Sinticom). Com isso, hoje as partes garantem que o expediente será normal.


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