Rio - Época de declarar o IR e de refletir sobre o tema. Quem preenche o programa da Receita Federal fica com a sensação de que tem alguma errada com todo o sistema. Quem usa o formulário completo percebe que um contribuinte com um dependente pode abater míseros R$ 2.156 ou R$ 180 por mês. Para uma população supostamente de classe média, quem consegue sustentar, um filho com esse valor?
Se estudar em escola ou faculdade particular, a mensalidade não pode custar mais do que R$ 269. Se o valor for superior, o excesso não será dedutível na hora de fazer o acerto de contas.
Estas distorções são apenas dois exemplos das injustas regras da declaração do imposto de renda, que mostram como o sistema é perverso, acabando por cobrar muito do trabalhador.
Não se discute a necessidade social do pagamento de tributos, que faz parte da vida em sociedade. Entretanto, a sensação de que tudo isso não é correto aumenta quando se observa a baixa qualidade do serviço público que é devolvido à população.
Há ainda o confisco generalizado pela não atualização da tabela do IR e dos seus parâmetros. Nos últimos anos ela foi corrigida de forma inferior a inflação. Como os salários sobem anualmente no país, no mínimo, com base na inflação passada, há uma cobrança muito maior de imposto de renda do que seria o correto. Isso acontece porque a tabela fica defasada.
Professor de Finanças do Ibmec