Por bferreira

Rio - A nona alta seguida da taxa básica de juros (Selic), que foi a 11% ao ano, faz desde ontem a rentabilidade da caderneta de poupança, que tem ganhos de 0,53% ao mês, perder para todos os fundos de renda fixa que cobram taxas de administração acima de 2,5%. Tais fundos são minoria e pouco procurados em função dessas tarifas. Os dados são da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Apesar de a poupança ser um investimento seguro e de maior liquidez, economistas afirmam que existem outras formas de obter maior rentabilidade sem riscos. O Tesouro Direto é uma delas, segundo Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora.

“A falta de informação leva as pessoas a acharem que a poupança é o único investimento seguro. Títulos públicos, por meio do Tesouro Direto, também são seguros e rendem mais. Investir em renda fixa, como as letras de créditos imobiliário, e de crédito agrícola, por exemplo, são outras formas de ganhos com segurança e melhor retorno”, avalia o sócio-diretor da corretora.

Diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello, acrescenta dizendo que é um mito apontar poupança como a única alternativa para quem tem pouco dinheiro para investir. “Com R$ 100 a pessoa pode entrar no site do Tesouro Direto e comprar um título público, que é tão seguro quanto a poupança. O Tesouro também tem uma liquidez semanal”, diz Curvello.

Marcos Daré, coordenador do Comitê de Varejo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), avalia que o mercado está mudando. A expansão do consumo diminuiu um pouco e o brasileiro está poupando mais e procurando produtos financeiros de perfil conservador. “A migração da poupança para produtos financeiros mais sofisticados já está acontecendo e vai continuar ao longo de 2014, à medida que as pessoa físicas vão percebendo que alta dos juros gera um ganho maior que a poupança”, explica Marcos Daré.

O advogado Edson Junior, 40 anos, diz que desistiu da poupança em função do baixo rendimento. “Estou com R$ 1 mil parado na conta corrente e não me animei de separar uma parte para a caderneta de poupança. Já foi o tempo em que juntava dinheiro pensando neste tipo de investimento”, conta.

Em defesa da poupança

Luiza Rodrigues, economista-chefe do SPC Brasil, sai em defesa da poupança. Ela diz que essa é a aplicação mais segura, não tributada e de maior liquidez, ou seja, o valor pode ser sacado na hora que a pessoa quiser, sem multa. Ela orienta a só começar a investir em outro produto depois que tiver três vezes o valor do salário na caderneta. “Somente após atingir este valor deve-se partir para outros investimentos. É uma maneira de ter um fundo de emergência para não correr riscos”, diz.

A economista diz que o Certificado de Depósito Bancário (CDB) é uma das primeiras opções depois da poupança. “O CDB também é fácil e rápido. Rende 0,62% ao mês, mas o investidor só pode sacar após 30 dias”, orienta.

A rentabilidade da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da TR (Taxa Referencial), se taxa Selic for maior que 8,5% ao ano. Porém, quando essa tarifa do Banco Central for menor ou igual a 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será de 70% da taxa Selic mais a TR.

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