Rio - Os foliões com direito a comprar meia entrada dos ingressos dos desfiles de Carnaval na Marquês de Sapucaí, mas tiveram que pagar inteira, estão perto de conseguir ressarcimento por parte da Liga das Escolas de Samba (Liesa). Atendendo a uma determinação da Justiça, a entidade começou a comunicar aos foliões — por meio de avisos em jornais e em seu site — sobre a existência de uma ação civil pública movida pelo Procon-RJ e a alertá-los quanto à necessidade de guardar os comprovantes de pagamento dos ingressos.
O objetivo é facilitar o ressarcimento do valor pago a mais, caso a ação seja julgada a favor do órgão de defesa do consumidor. Além disso, o comunicado informa que a Liesa deve manter o banco de dados ativo dos compradores enquanto durar o processo, de modo a identificar mais facilmente quem foi lesado.

O Procon autuou a Liesa em janeiro deste ano e, em fevereiro, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) decidiu que a organização deveria informar aos consumidores sobre o direito da meia entrada, sob multa de R$ 20 mil. Procurada pelo DIA, a liga confirmou que o comunicado é em cumprimento a uma liminar, mas ressaltou que o mérito ainda não foi julgado e, por isso, não iria se posicionar sobre o caso.
Mesmo sem uma decisão definitiva, o andamento do processo deixou otimistas os fãs do Carnaval. Para o universitário André Mariz, 23 anos, a falta de meia entrada na Sapucaí afasta os mais jovens. “O que é ruim, pois são as novas gerações que vão dar continuidade à festa no futuro. O processo de venda de ingressos para os desfiles é vergonhoso quando comparado a outros grandes eventos que acontecem na cidade, como o Rock in Rio e a Copa do Mundo. A meia entrada é assegurada”, critica ele, que pagou o preço integral para assistir aos desfiles na arquibancada em todos os dias.
André acredita ainda que a possibilidade de assistir aos desfiles por um preço menor seria vantajosa para as próprias escolas de samba. “Isso atrairia mais pessoas e aproximaria ainda mais as comunidades de suas agremiações”, argumenta. O estudante de arquitetura Guilherme Estevão, 19, também pagou inteira. Ele afirma que faz questão de reivindicar o ressarcimento, caso o Procon ganhe a ação.
“O Carnaval no Rio é complicado por vários aspectos. Não é possível pagar no cartão de crédito, por exemplo. Só à vista. Além disso, os ingressos estão mais caros a cada ano. Tenho medo de que, se for implantada a meia entrada, os valores aumentem ainda mais e as pessoas sejam prejudicadas”, lamenta.
Procon: desconto garantido por lei
Segundo o Procon-RJ, a Liesa não colocou à disposição ingressos para idosos, estudantes e menores de 21 anos em todos os setores do Sambódromo. A liga alegou, no entanto, que foram postos à venda bilhetes pela metade do preço para o setor 13. Mesmo assim, o órgão rebateu, afirmando que o local é um dos mais afastados da Passarela do Samba.
Ontem, o Procon-RJ informou em nota que, “por determinação da Secretaria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Seprocon), entrou com ação contra a Liesa porque a entidade não tomou as medidas necessárias para cumprir o ato sancionatório emitido pelo órgão, por ocasião do Carnaval deste ano”.
O ato determinava que a liga disponibilizasse meia-entrada a quem tivesse esse direito em todos os setores do Sambódromo para os desfiles das escolas do Grupo Especial. Segundo o Procon, esse direito é garantido pelas leis estaduais 2.519/96 e 3.364/00.
Capacitação para trabalho no Carnaval
Interessados em trabalhar com Carnaval vão ter a chance de se capacitar. A Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (Amebras), com sede na Cidade do Samba, está com inscrições abertas para curso de especialização em figurinos e adereços. São 30 vagas para três turmas de dez alunos cada.

As inscrições são gratuitas e devem ser feitas exclusivamente pelo e-mail amebras.rj@gmail.com. É preciso anexar currículo. Os pretendentes devem comprovar possuir experiência prévia ou formação em cursos básicos, já que as aulas darão noções avançadas sobre os temas.Os cursos não têm custos para os alunos e a duração é de três meses, com uma aula por semana, de 9h às 16h, no barracão de número 7 da Cidade do Samba, na Gamboa.
A aula inaugural será ministrada pelo carnavalesco Milton Cunha no próximo dia 19. Os alunos receberão certificado e terão os currículos armazenados no banco de oportunidades da Amebras. Os de melhor desempenho terão chance nos projetos da instituição.