Por bferreira

Rio - O Exército condenou na última terça-feira o sargento Vinícius Machado, por subir no monumento em homenagem ao Marechal Deodoro, no Centro do Rio, este ano, em protesto contra situação salarial das Forças Armadas. Ele já havia sido punido por descer de rapel da Ponte Rio-Niterói em 2013. O militar está preso no 1º Batalhão de Guardas, em São Cristóvão, onde ficará detido por 12 dias.

O Departamento de Educação de Cultura do Exército (Decex), onde o sargento é lotado, informou que ele foi enquadrado no Regulamento Disciplinar do Exército por transgressão militar. Segundo a instituição, o sargento passou por uma sindicância para apuração dos fatos, com direito ao contraditório. “O militar foi punido disciplinarmente em função da reincidência”, disse a nota.

O representantes da OAB na 1ª Circunscrição Judiciária Militar, Augustinho Campos, disse que visitou o sargento. “Queremos saber se ele recebeu uma punição por dois atos, o da ponte e o do monumento”, questionou.

Amigo de Vinícius, o advogado Eugênio Pacelli explicou que o sargento não protestou contra o Exército e sim a favor: “Ele requereu apenas salário digno.”

‘PUNIÇÃO FOI JUSTA’

Para o presidente da Associação Nacional dos Militares do Brasil (Anmb), Marcelo Machado, o caso do sargento preso é delicado. “É uma lei é antiga, mas é válida. Ele sabia da consequência de seu ato”, disse . Para ele, a punição foi justa. “Estamos todos em situação difícil. Ele acabou expondo a tropa”, reclamou.

‘FOI TUDO RÁPIDO’

A mulher do sargento, que não se identificou, disse que o militar falou que não teve teve direito de defesa. “Tudo aconteceu extremamente corrido. O general não informou se aceitou ou não a defesa”, disse ela, grávida do terceiro filho do casal. “É uma vergonha o soldo militar. O salário família é de apenas R$ 0,16.”

‘LEI É OBSOLETA’

Antes de ser preso, o militar disse à coluna que não considera seu protesto um erro. “A Constituição (Artigo 220) diz que a manifestação do pensamento não sofrerá qualquer restrição. Mas quando o código é mal escrito, se torna obsoleto ou cai em mãos de autoridades sem ética”, disse o sargento Vinícius.

INTERVENÇÃO MILITAR

No segundo protesto, Vinícius usava uma camisa com a inscrição “0,16”, em referência ao auxílio-família pago pelo Exército. Já no primeiro, além da mesma reivindicação, o militar pedia intervenção militarno governo federal. “Fostes torturada e agora torturas. Vingança?”, contestava a faixa posta do monumento.

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