Rio - Enquanto turistas tomam as ruas do Rio de Janeiro transformando a cidade em uma espécie de embaixada do mundo, empreendedores do setor de turismo já pensam mais à frente. Hotéis, bares e restaurantes estão mobilizados para oferecer o melhor serviço possível aos 850 mil visitantes que estão vindo à capital, a fim de garantir o retorno em oportunidades futuras, como o Carnaval, o Réveillon e os Jogos Olímpicos de 2016.
O Ministério do Turismo está fazendo uma pesquisa de campo para saber a intenção do viajante de voltar ao país, mas enquetes passadas indicam que quem chega ao Brasil sempre sai com um gostinho de quero mais. Na Jornada Mundial da Juventude, 96,1% dos entrevistados brasileiros e 92,1% dos estrangeiros afirmaram que gostariam de visitar o Rio novamente.
Localizado em um ponto estratégico, em frente aos Arcos da Lapa, o bar Sarau Rio adotou medidas para cativar os clientes da Copa. A atenção aos turistas vai desde a decoração, com bandeiras de vários países, até o treinamento de idiomas com a equipe. O bar ampliou seu horário de funcionamento, fez promoções de bebidas e baixou os preços de pratos típicos da culinária brasileira para fisgar os gringos. Outra estratégia é parceria com hostels da cidade.
“Os hostels fazem um tour pelos bares e trazem os turistas. Em troca, não cobramos o couvert e damos descontos que chegam a 15%”, diz a gerente do bar Vânia Lassery.
Na Rua do Lavradio, o Rio Scenarium, que já é uma referência entre os turistas, apostou no Carnaval para atrair os visitantes. “Temos grupos de samba e bandas de marchinha. É a chance para quem nunca veio ao Carnaval ver como é”, afirma Thiago Espósito, produtor musical da casa. A estratégia já colheu frutos. Na terça-feira do jogo entre Brasil e México, o movimento mais que dobrou.
Foi pensando na fidelização que Eduardo Lannes, dono do Lapa Hostel, resolveu promover eventos como shows ao vivo, churrascos e festas. “Isso cria uma maior interação e acaba sendo o nosso diferencial”, comenta Lannes. Desconto para quem retorna e reserva sem precisar de sinal são outras estratégias. O empresário diz que as redes sociais também são ferramentas importantes. “Temos mais de 20 mil curtidas no Facebook. A ideia é manter o Lapa Hostel na lembrança de quem passou por aqui, tanto para ele voltar como para indicar aos amigos”, revela.
Para Ítalo Mendes, assessor do Ministério do Turismo, a atenção aos feedbacks dados pelos clientes em redes sociais e sites como Trip Advisor e Booking.com são essenciais. “São informações preciosas, quase uma consultoria gratuita”, afirma. A americana Meredith Lesnowics, 32, se fiou nas avaliações da internet para escolher o hotel que iria ficar em Búzios, após sua visita ao Rio.
Superintendente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio), Darcílio Junqueira afirma que bom atendimento e preço justo são as principais ferramentas de fidelização.
“O empresário carioca se deu conta que não adianta praticar preços exorbitantes só por que é um evento internacional”, avalia.
Douglas Viegas, um dos conselheiros da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio (ABIH-RJ), diz que a conquista do turista começa na chegada dele ao aeroporto. “Muitos hotéis já oferecem o serviço de transporte até o hotel para não correr o risco de o turista ser mal atendido e explorado ao chegar a cidade”, diz Viegas.
Turistas elogiam recepção
Se depender da disposição dos viajantes, o turismo estará aquecido por um bom tempo no Rio. O administrador de empresas venezuelano Daniel Yusta, 29, conheceu a cidade com um grupo amigos e já faz planos para retornar. “O brasileiro é muito acolhedor. Vamos fazer de tudo para voltar nas Olimpíadas.”
A alemã Cláudia Podkanski, de 26, por sua vez,chegou na última terça-feira para passar 12 dias no Rio. Apesar de ter viajado sozinha, já estava enturmada. “Estou me sentido em casa”, conta a estudante de Psicologia.
O americano Ian Bridgman, de 28, disse que já está aprendendo a sambar e a dançar forró. “A música e beleza da mulher brasileira foram as coisas que mais me chamaram a atenção até agora”, afirmou Bridgman.
Os brasileiros também querem provar mais do sabor da cidade maravilhosa. É o caso da dona de casa Valdete Miranda, 58, que veio do Guarujá ao Rio pela primeira vez com a filha Gisele, 29, e o genro argentino Sérgio Martínez, 32. “Fui ao Cristo, ao Jardim Botânico e à Confeitaria Colombo, mas ainda falta muita coisa para ver”, diz.
Mundial traz diversidade
Não é só o volume de turistas que impressiona no Mundial. Dados do Ministério do Turismo apontam para a diversidade de nacionalidades trazidas pelo evento. Residentes de 185 países diferentes compraram ingressos para assistir aos jogos em terras tupiniquins. Segundo Ítalo Mendes, é uma oportunidade para os estabelecimentos atingirem mercados ainda desconhecidos. “Estamos recebendo turistas de mercados que eram menos frequentes, como a Austrália, Argélia e Irã. Cerca de 20 mil australianos vieram para o país.”