Por bferreira

Rio - A pesquisa ‘Jovem Digital Brasileiro’, que o Ibope está divulgando, me faz pensar como deve ser difícil prender a atenção dos alunos de hoje, que nasceram sob a tutela da internet. Descobriu-se que nada menos que 96% dos jovens brasileiros são internautas. Fico até surpreso com tamanha abrangência, considerando que o país é grande o suficiente para não contemplar inúmeros cantinhos sequer com escolas, e ainda menos com acesso à rede. Mas vá lá.

Pesquisa mostra que nada menos que 96% dos jovens brasileiros são internautasArte%3A O Dia

De acordo com a pesquisa, realizada com 1.513 internautas entre 18 e 25 anos, 90% se conectam às redes sociais diariamente, além de ver ou baixar vídeos. Do total, 91% estão no Facebook, além de parar constantemente em YouTube (48%), Instagram (15%) e Twitter (13%). Eles estão presentes, em média, em sete redes sociais.

Assim, como entreter, na sala de aula, a garotada que é cada vez mais multimídia? A turma usa várias telinhas ao mesmo tempo, e isso está longe de deixá-los estressados. Pelo contrário, esse hábito já se torna parte do seu comportamento normal: 61% usam mais de um meio de comunicação ao mesmo tempo, sem falar que 63% estão de olho simultaneamente na TV e na internet (e suas inúmeras possibilidades). Não há qualquer graça em assistir a uma partida de futebol sem estar comentando sobre ela com inúmeros outros interlocutores.

Outro problema que o ensino tradicional deve estar enfrentando é a irreversível tendência ao uso de aparelhos móveis . De acordo com o levantamento do Ibope, 17% dos jovens das capitais e regiões metropolitanas têm tablet. Dos que usam celular, 47% têm smartphone. Destes, 82% navegam na web pelo smartphone, enquanto 28% ficam com seus tablets. E pelo menos quatro programas estão presentes em 80% desses aparelhos: Facebook (claro), e-mail, WhatsApp e YouTube. Haja informação.

TRABALHE MENOS

Tecnologia serve para facilitar a vida da Humanidade. Por isso, parece incoerente que a gente esteja trabalhando cada vez mais, com tantos instrumentos para incrementar nossa produtividade. E não é à toa que cada vez mais executivos da indústria de tecnologia estão defendendo menores jornadas de trabalho.
Semana pasada citei aqui o Larry Page, da Google, puxando esse coro. Agora é o bilionário mexicano Carlos Slim, que controla inúmeras empresas mundo afora, incluindo a Claro, que diz que a semana com apenas três dias úteis seria positiva para todos, porque o trabalhador teria mais qualidade de vida e, assim, seria mais produtivo.

Essa mudança implicaria, por outro lado, uma vida profissional mais longa. O sujeito trabalharia até seus setenta e tantos anos. O que, vamos combinar, pode não ser tão ruim para a saúde — nem para o sistema previdenciário. Que, pelo jeito, deve ser a grande razão dessa súbita preocupação com o bem-estar de todos.

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