Por bferreira

Rio - Com o aumento da inflação e a desaceleração da economia do país, pagar as contas tem se tornado um desafio. E para a população de baixa renda, a dificuldade é ainda maior. Pesquisa feita pelo Instituto Data Favela mostra que, em 2013, 70% dos moradores de favelas achavam difícil honrar com os compromissos no fim do mês. Além disso, 26% afirmaram ter contas atrasadas e 23% estão com nome sujo na praça.

Moradora do Santa Marta%2C em Botafogo%2C a babá Catarina Barbosa se endividou para comprar roupas%2C mas procura pagar as parcelas sempre em dia para evitar os juros altosCarlo Wrede / Agência O Dia

O Rio de Janeiro possui a segunda maior renda média mensal dos trabalhadores que moram em comunidades, no valor de R$ 1.155. O estado só fica atrás do Rio Grande do Sul, com rendimento médio de R$ 1.228. De acordo com Renato Meirelles, fundador do Data Favela e responsável pela pesquisa, isso acontece porque grande parte das favelas fluminenses estão em áreas nobres da cidade e os moradores trabalham nessas regiões, recebendo salários maiores.

No entanto, para Maria Antônia Sousa Carvalho, 37 anos, moradora do morro Santa Marta, em Botafogo, Zona Sul do Rio, o custo de vida nessas áreas também é mais alto. “Aqui não tem supermercados populares, por exemplo. Tenho que fazer compras no mesmo supermercado que a elite e pago muito mais caro”, reclama.

Para ela, a inflação está pesando no bolso. “Eu vendo quentinhas e senti um aumento muito grande nos preços da carne, do frango e do feijão. Não posso repassar para o valor do prato, senão o pessoal vai deixar de comprar”, lamenta.

De modo a não fazer dívidas, Maria Antônia procura cortar custos. “A gente tem que se privar de alguns luxos, como lazer”, diz.

A babá Catarina Barbosa, 53, que também mora no Santa Marta, reclama dos aumentos, mas não abre mão de fazer o que gosta. “A gente sempre tem dívidas. Eu, por exemplo, compro muita roupa parcelada. Mas procuro pagar em dia para não me cobrarem juros”, afirma.

Com medo de se endividar, a dona de casa e moradora do mesmo morro, Silvania Avelino, 35, evita qualquer tipo de parcelamento.

“Prefiro pagar à vista ou então não compro. Os maiores gastos lá em casa são com supermercado e farmácia. Está tudo muito caro, às vezes o salário não é suficiente, mas a gente faz o que pode”, diz.

CONTROLE NO ORÇAMENTO

Especialista em finanças pessoais e diretora da Fharos Assessoria Empresarial, Dora Ramos dá cinco dicas para controlar o orçamento e ter mais tranquilidade na hora de realizar seus desejos:

COMPRE À VISTA
Prefira quitar suas despesas à vista, pois no cartão, além de criar uma dívida a prazo, usando o crédito, a pessoa corre o risco de cair nos juros e taxas, cada vez mais abusivos.

NA PONTA DO LÁPIS
O ideal é fazer uma relação de gastos contendo qual a despesa, o valor, a data e o grau de necessidade (use o nível de 1 a 5, por exemplo, sendo o 1 aquilo que pode ser descartado e o 5, o mais necessário).

SÓ O NECESSÁRIO
Acredito que todos já tenham ouvido a famosa frase: “Você gasta mais do que pode”. E é exatamente isso que grande parte da população faz. Para mudar esse cenário, compre com consciência. Analise o que realmente precisa e evite tristezas na hora da conferência da conta corrente.

POUPE
A baixa taxa de rendimento e os baixos salários são sempre citados como os maiores motivos de quem não consegue poupar, mas também há fatores comportamentais envolvidos na questão. Sendo assim, mude sua forma de pensar e veja a poupança como algo que pode se transformar na semente de um grande investimento.

INVISTA CERTO
Uma vez que tenha investido corretamente, seu dinheiro pode crescer de forma inesperada. As correções, taxa de juros e ganho de capital mostrarão mais tarde o quanto vale a pena o esforço de poupar e abrir mão de alguns gastos.

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